Conheço quem sou.
Compreendo onde estou.
Nutro as mais belas fantasias.
Muito delas são ilusões e como não amar o que não é real?
O que é irreal é tão doce
e aceitável como o surreal.
Nego-me a aceitar essa
realidade maldita. Onde palavras são mal ditas.
Onde as pessoas nunca são
compreendidas.
Perdi-me festivamente em
contos que envolvem magia.
Ninguém pode me negar a
alegria.
A cada dia sinto-me sem
ser eu.
Desprendi-me de quem um
dia fui.
Os dias passados me
aproximaram da morte.
Aquela que apaga a luz do
porte.
Luz da Vida.
A cada aniversário,
Chego mais perto do fim.
Não quero que seja assim.
Como saber o que está por
vir?
Atormenta estou.
As pessoas perdidas e os
relacionamentos rompidos me venceram.
Me levaram.
Romperam meu escudo de
força.
Todo dia não sou quem fui
no dia anterior.
Sou nova a cada amanhecer.
Ao entardecer encerra-se
um ciclo.
Amanhã será um ser sem
identidade.
Perto da Verdade.
Desnuda.
Crua.
Carregada de marcas.
Igual a de Caim.
Aquela que marcou seu
fim.
Destruída pelas pessoas.
Aniquiladas por tantas
verdades.
Levada pela vaidade.
Dissimulada.
De mãos atadas.
Escoltada.
Sofrida.
Minh máscara foi tirada.
A vida dura me deixou
machucada.
A cada dia vivido fico
fragmentada.
Perco minhas partes com
cada versão atualizada.
Meu software não aguenta
mais tanta informação.
Está próxima a
aniquilação do meu frágil coração.
Meu hardware está velho.
Um dia meu corpo será
jogado entre os antigos martelos.
Meu nome será esquecido.
Não há eternidade.
Inventaram esse termo
para não nos entregamos a vaidade.
Não sermos levados pela
brevidade.
Viver não tem idade.
Entrego-me ao destino.
Distraída, quem sabe
Eu encontre a Felicidade.
Joanice
Oliveira