Título:
Cilada
Autor:
Harlan Coben
Editora:
Arqueiro
Ano:
2010
N°de páginas: 271
N°de páginas: 271
Sinopse:
Haley McWaid tem 17 anos. É aluna exemplar, disciplinada, ama esportes e sonha entrar para uma boa faculdade. Por isso, quando certa noite ela não volta para casa e três meses transcorrem sem que se tenha nenhuma notícia dela, todos na cidade começam a imaginar o pior.. Na junção dessas duas histórias está Wendy Tynes, a repórter que armou a cilada para Dan e que se torna a única testemunha de seu assassinato. Wendy sempre confiou apenas nos fatos, mas seu instinto lhe diz que Mercer talvez não fosse culpado. Agora ela precisa descobrir se desmascarou um criminoso ou causou a morte de um inocente. Nas investigações da morte de Dan e do desaparecimento de Haley, verdades inimagináveis são reveladas e a fragilidade de vidas aparentemente normais é posta à prova. Todos têm algo a esconder e os segredos se interligam e se completam em um elaborado mosaico de mistérios. O assistente social Dan Mercer recebe um estranho telefonema de uma adolescente e vai a seu encontro. Ao chegar ao local, ele é surpreendido pela equipe de um programa de televisão, que o exibe em rede nacional como pedófilo. Inocentado por falta de provas, Dan é morto logo em seguida.
" Era impossível afastar
a sensação de perigo iminente. Cada passo me custava certo esforço, como se eu
estivesse pisando não em uma calçada já um tanto gasta, mas em cimento fresco.
O corpo dava todos os avisos: frio na espinha, pelos eriçados nos braços,
arrepio na nuca e no couro cabeludo. ”
Harlan conseguiu mais uma
vez me deixa embriagada com sua audácia, sagacidade e riqueza de mistérios que
colocou em Cilada. Um suspense bem
dramático carregado de segredos que revelam que as pessoas nem sempre aparentam
ser quem elas são de verdade.
A história começa já com
bastante tensão no ar. O professor universitário e assistente social que atende
jovens vulneráveis à marginalidade Dan Mercer é acusado de pedofilia. Foi
“pego” em flagrante pela belíssima repórter Wendy Tynes. Mercer estava naquela casa porque recebera a
ligação de uma de suas alunas do centro comunitário que ele ajudava. Ela
parecia correr perigo. Ele foi até ela. Sabia que se abrisse aquela porta
vermelha aconteceria alguma coisa ruim em sua vida. Mas o seria tão ruim assim?
Tinha se separado de Joanna, não tinha filhos e parecia destinado a viver
sozinho. Queria se casar novamente. Tinha certeza. Só não agora. Aquela porta
vermelha levaria Dan ao inferno em sua vida.
“Não tenho ninguém no
mundo – nem pais, nem irmãos. Portanto, o mais próximo que tenho de uma família
é minha ex-mulher. A garotada com a qual trabalho, ajudando e defendendo como
posso, é o alicerce da minha vida, mas, no fim das contas, nem sei ao certo se
minha ajuda faz mesmo alguma diferença. ”
Tynes era âncora de um
programa televiso que denunciava pedófilos. Dan caíra numa cilada. Dizia-se
inocente, mas como? Acharam um computador em sua casa que continham fotos de crianças nuas e fotos em sua garagem. Fora
comprovado que ele aliciava crianças pelo um site de bate-papo. Ele estava num
pesadelo e aquela repórter pagaria pela condenação de um inocente.
Wendy sentia que Mercer
era inocente, porém como isso seria verdade? As provas diziam que isso é
mentira. Ela investigou sua vida e não havia nada de horrível nela. Era órfão e
se formara com honra em Princeton. Era um homem bonito e dono de olhos azuis
celestiais. Ela mesmo já se encantara com ele quando foi fazer uma entrevista
sobre seu trabalho na comunidade carente. Sua intuição dizia que havia algo
mais naquilo tudo...ela tinha razão.
Um dos pais das crianças
aliciadas, Sr. Grayson tinha sede de vingança e tentou envolver Wendy num plano
de vingança contra Dan, mas ela recusou. Wendy foi atrás de Mercer, devido uma
ligação que ela recebera dele e o mesmo pedira para que ela fosse falar com
ele. Nesse encontro Dan é morto por Grayson. Wendy fica perdida, porém ainda
sente que Dan é inocente. A partir desse momento ela começa a investigar tudo
que envolva Dan.
“A gente acha que sabe
tudo sobre o amor, não é? Mas foi naquele dia que realmente descobri o que é o
amor. Doeu mais do que qualquer corte que eu tivesse sofrido no rosto, mas eu o
amava demais, então pedi a ele que se afastasse de mim. ”
Em paralelo ao caso de
pedofilia de Dan, a jovem Haley McWaid de 17 anos desaparece de casa. Deixa sua
família perplexa e confusa com seu sumiço. A polícia tenta encontra-la, mas
nada. Parece que Haley sumira da terra sem deixar vestígios. Três meses se
passam e nenhuma pista do paradeiro da jovem. Ela era uma garota certinha e
amava sua família. Exigia muito de si e estava triste pela não aprovação na
Universidade da Virgínia. O que tudo parecia é que um simples caso de
desaparecimento de uma jovem não tivesse nada a ver com a acusação de Dan até o
celular de Haley é encontrado no quarto de hotel onde Mercer estava
hospedado...
“Muitas vezes na vida
somos obrigados a fazer julgamentos que não gostaríamos de fazer. E queremos
que eles sejam fáceis. Queremos confinar as pessoas em categorias bem
definidas, anjos ou monstros, mas quase sempre o buraco é mais embaixo: a
verdade está em algum lugar entre os dois extremos. E esse é o problema. Os
extremos são bem mais fáceis. ”
Wendy parece obcecada
pela verdadeira fase de Dan. Agora mais ainda por achar que condenou à morte um
inocente. Vai atrás dos amigos de Mercer de Princeton e encontra pontos que
parecem forma uma cilada que foi tramada para Dan e seus amigos de faculdade.
As informações que vai colhendo após a morte do possível pedófilo levam ela a
acreditar que existe alguém caçando Dan e seus amigos por vingança. Algo que
aconteceu em Princeton está sendo cobrado agora.
“– A gente nunca devia
ter ido caçar – ele disse ainda, baixinho. – Pergunte a cara cortada. A gente
nunca devia ter ido caçar. ”
Phil, Farley, Dan, Steve
e Kelvin eram amigos em Princeton e curiosamente todos foram acusados no último
ano de algum caso grave: Pedofilia, assédio sexual, insanidade mental,
corrupção e afins. Todos os garotos do Quarto 109. Coincidência ou Evidência de
uma armação?
Como Dan conhecia Haley?
Será que ele teria a matado? Por que estava sendo perseguido depois de anos
formado? O que acontecera em Princeton para que Dan e seus amigos fossem
tragicamente condenados a humilhação pública? Pior Dan fora morto e tudo indicava
que Wendy estava em perigo, pois estava envolvida com um passado assombrado e
temia pela vida de seu filho Charlie. Seu único filho. Fruto do seu amor com
John. Seu marido que morrera atropelado por Ariana. Ela estava bêbada e hoje
pede perdão para Wendy pela dor causada, mas Wendy não consegue perdoar. Seu
sogro já perdoou Ariana. Como ele conseguia? O que Wendy não sabia é que um dia
também erramos e temos que pedir perdão...esse dia chegaria para ela...em muito
breve.
“Era isso o que pessoas
como Ariana Nasbro não conseguiam entender, a fragilidade do mundo. As feridas
que uma guinada do destino é capaz de abrir. O poço de desespero em que somos
jogados por conta de um descuido qualquer. A irreparabilidade das coisas. ”
As mentiras nunca duram
muito. Isso aprendemos lendo Cilada. Harlan
nos transborda para acontecimentos passados que se refletiram de forma trágica
no presente, condenando pessoas inocentes à morte. Fazendo jus as teorias de
conspiração, Coben prende a atenção de seus leitores de uma forma surpreende
com uma narrativa que deixa pistas espalhadas pelas entrelinhas para que os
atentos percebam onde está o erro na história e descubram por si próprio a
verdade que estava apenas coberta por uma nuvem em um dia nublado, mas nunca
revelando todo o mistério.
“Em tese eu deveria odiar
essa mulher e responder com irritação à chamada dela. Mas não. Chego a abrir um
sorriso. No fim das contas, devo a ela uma felicidade que nunca senti antes. ”
Aprendemos lições
valiosas aqui. A importância do perdão pelos erros alheios. Nunca sabemos
quando uma falha nossa possa prejudicar os outros e temos que estar prontos
para libertar o outro da culpa eterna. Aprendemos a não julgar pelas aparências
e acima de tudo que uma pessoa é inocente até que se prove o contrário...lembre
dessa frase quando ler Cilada: “Uma pessoa é inocente até que se prove o
contrário. ”