Título:
Sem
olhar para trás
Autora:
Lycia
Barros
Editora:
Valentina
Ano:
2016
N°
de Páginas: 256
Sinopse:
O novo romance da escritora Lycia Barros narra um drama super comum da sociedade ao longo dos séculos. Um mal que acomete, principalmente, as mulheres. Afinal, quando coagidas, agimos de forma equivocada e facilmente somos influenciadas por nossos medos. No entanto, muitas vezes o sofrimento é o melhor remédio para acordar o espírito. E sempre há tempo para refazermos a nossa trajetória, onde algo surpreendente pode estar nos esperando no fim da linha. Esse é o foco da história de Agatha: é preciso força para recomeçar. As cicatrizes ficam, mas a força de reação é maior.
“A verdade é que nós não temos domínio sobre nada, e isso nos assusta.”
Sem
olhar para trás é uma obra que denuncia a violência
contra as mulheres nos mais diversos graus e mostra que sempre podemos
recomeçar depois de um deserto de sofrimentos.
Agatha é uma mulher de
um pouco mais de 30 anos que se apaixonou perdidamente quando era uma jovem
inexperiente pelo belo e formoso Bruno Albuquerque. Ela uma jovem forte, linda
e graduanda de Administração, viu no loiro, forte e cativante, o homem certo
para estar ao lado até o fim de sua vida. Não sabia ela que toda aquela beleza
exterior escondia um homem que não sabia lidar com frustração, porque sempre tivera
o que quis na vida, nunca soube ouvir um Não e aceitar sem dilemas. Bruno nada
mais era um homem violento, mimado e desequilibrado que tornou a vida de Agatha
num inferno particular.
Cansada de apanhar e
principalmente de ver seu filho de nove anos, Gabriel ser agredido pelo pai,
porque queria defende-la, ela decide fugir do “monstro” e buscar paz para sua
vida mesmo que seja por um tempo até Bruno encontra-los. Ela segue para Rio
Preto no interior do Rio de Janeiro, na qual herdou um sítio de sua tia Dulce.
Aquele imóvel caiu como uma “luva” para seu estado atual. Naquela pacata cidade
ela poderia recomeçar com seu filho e finalmente tomar as rédeas de sua vida
novamente.
Ela encontra um sítio
caindo aos pedaços, mas aquele lugar agora é seu lar. Ali ela encontrará uma
nova chance de fazer certas suas escolhas. O lugar é grande. Tem um terreno
enorme que têm hortas, animais dos mais diversos e dali tiram o queijo e as
compotas vendidas na pousada próxima de sua casa. Sua tia Dulce era amada por
todos, porque tinha um coração de ouro e uma bondade sem limites. Dona Gemma e
seu marido, Seu Pedro eram amigos próximos da tia de Agatha e trabalham no
sítio.
Agatha no início se
perde em tantas coisas que não sabe fazer, como, acender o fogão à lenha, qual
alimento dar para as galinhas e porcos, como arar o terreno e tudo mais, mas
seu Pedro e dona Gemma a ajudam em tudo. A velha senhora além da mãe que Agatha
perdeu cedo se torna uma avó postiça de Gabriel e de quebra torna-se uma cúpida
na vida da mulher, porque tenta a todo custo juntar Agatha ao seu padrão da
Pousada, Vicente que é um homem alto, forte, fechado e cheio de feridas do
passado que perturbam sua vida.
Quando Vicente coloca
os olhos em Agatha, seu coração dispara. Ele tenta esconder isso a todo custo e
culpa dona Gemma por ser audaciosa e querer encontrar uma mulher para ele
depois do acidente que custou quase sua perna toda. Ele não queria se envolver,
mas Deus – nesse ponto eu e a autora discordamos, mas concordo que nossa vida
sempre tem um plano vindo das “Forças” que movem esse mundo – sempre tem
caminhos distintos dos nossos para nos curar de nossas dores e nos ajudar a
liberar perdão para nossas más escolhas que nos assombram.
Agatha e Vicente
tornam-se namorados e o amor vira um bálsamo para almas tão perturbadas por
seus passados, todavia “um mar cor-de-rosa” não sobreviverá por tanto tempo,
enquanto Bruno estiver por perto cheio de ódio e com uma vontade de se vingar
da sua esposa como seu alimento diário. A felicidade de Agatha está a um fio,
porque nem sempre o controle de nossas vidas está em nossas mãos.
“Compara-se muitas
vezes a crueldade do homem à das feras, mas isso é injuriar estas últimas.” (
Fiódor Dostoiévski)
Será que Bruno
encontrará sua esposa fugitiva? Será que Agatha precisará usar sua arma contra
o homem que um dia amou e mostrou um primata sem amor? Será que foi certo ela
se envolver com Vicente? Quais seriam as consequências de sua escolha? Como
proteger Gabriel e seus novos amigos daquele crápula?
Agatha é uma mulher que
viu sua vida ser controlada a partir do momento que decidiu dividir sua vida
com Bruno. Do homem carinhoso apenas viu-se seus raros olhares afetuosos antes
de qualquer palavra dela ser interpretada como afronta contra ele. Ela começou
a assimilar que merecia apanhar, porque escolhera Bruno ao invés de seus pais
que não aceitaram bem quando ela largou a faculdade para viver com aquele
homem. Seu pai a culpara pela morte da mãe que morrera desgostosa.
Vicente é um homem
forte, lindo, sonhador, porém cheio de amargura, porque viu seu sonho de
torna-se um grande atleta do Hipismo jogado na lama quando perdeu parte de sua
perna num acidente de moto e meses depois seu amado pai morreu e o deixou
completamente sozinho. Ele decidiu então tornar a casa de seu pai em uma
pousada e trabalhar arduamente para não pensar em suas desgraças.
“[...] Quando seus
olhos se encontraram novamente, Vicente sentiu um salto inesperado no coração,
o que fez recuar na conversa.”
Quando os caminhos de
Vicente e Agatha se cruzam é como se o caos e a guerra tivessem se encontrado.
Agatha é uma guerra inacabada que traz muito sofrimento para ela e seu filho.
Ela tem medo de ser encontrada e seu filho sofrer as consequências de suas
escolhas erradas. Vicente é o caos que não quer dividir seus medos com ninguém.
Acredita que as pessoas fiquem ao seu lado por piedade ou obrigação e não
porque o ame.
“Ao menos, ele fizera
que se sentisse atraente de novo. Viva. E, para uma mulher que vinha sendo
criticada com constância em tudo pelo marido, isso já fora como uma brisa
fresca e bem-vinda.”
Bruno que é o infeliz
dessa história é um homem extremamente violento que não sabe se controlar em
momento algum. É aquele ser humano que vemos aos montes no Brasil. Um homem
machista que acredita que mulher serve apenas para seus caprichos e
necessidades. Aprendeu isso vendo seu pai – um homem rico e nunca soube receber
um não – traindo sua mãe com diversas mulheres e obriga-la a aceitar suas
atitudes calada e agradecer por ter uma vida “maravilhosa”. Ele cresceu
acreditando que o mundo estava aos seus pés e indignou-se quando viu Agatha
dando mais atenção ao seu filho do que a ele. Desequilibrado e psicótico que
destruiu e marcou diversas vidas com suas atitudes infantis e descontroladas.
Lycia nos traz um
retrato social que representa bem a vida de muitas mulheres em solo brasileiro.
Mulheres que viram suas vidas virarem destruição e violência por quem jurou
amá-las e auxilia-las constantemente. Ela apresenta onde começa essas sessões
de violência gratuita e detalha que todos somos culpados por alimentamos direta
ou indiretamente essa sociedade machista. Quando ela coloca Vicente e Dona
Gemma e seu Pedro no caminho de nossa protagonista, demonstra que mesmo depois
de termos experimentado o fel da vida, a chance de recomeçar sempre será mais
bem vinda do que o martírio eterno. Nenhum um mal dura para sempre e podemos
ser libertadores para outros e outras que são oprimidos sob as mesmas
circunstâncias que as nossas.
“A minha vida também
andava cinza antes de eu te conhecer. Meu coração estava vazio. Eu sentia
saudades de você antes mesmo de tê-la encontrado.”
Com Agatha e Vicente
aprendemos que não podemos ficar nos flagelando porque escolhemos de forma
errônea algumas coisas. Todos erramos sendo experientes ou não. Há
consequências, mas podemos contorna-las com fé e perseverança. Eles encontram
força no amor de Deus para enfrentarem seus fantasmas e perdoarem a si mesmo
permitindo assim a entrada da paz e alívio em suas vidas.
O enredo é tão fluído
quando estava terminando o livro, eu lia mais devagar para não acabar nunca.
Lycia escreve com destreza e conquista o leitor com uma facilidade extrema,
porque concilia histórias bem reais com palavras de ânimo, esperança e força.
A capa parece demais
com nossa personagem principal e gostei disso. A fonte é agradável para leitura
e destaco as frases maravilhosas que a autora coloca em todos os capítulos que
dão entrada nos acontecimentos que se desenrolam em cada capítulo.
Sem
olhar para trás é um romance fictício, mas que apresenta
uma realidade triste sobre a violência contra as mulheres, porém trazendo
esperança após uma temporada de dores e sofrimentos constantes, porque nenhum
martírio é duradouro a ponto de nos condenar ao tormento eterno.
Li um livro da autora e essa abordagem sobre Deus e fé me incomodou bastante. Pelo visto, masi uma vez ela faz uso do mesmo recurso, então, isso é um bom motivo para eu me afastar desta leitura. Acho bem oportunista colocar religião em um livro...
ResponderExcluirMEU AMOR PELOS LIVROS
Beijos
Se eu tivesse apenas olhada a capa e o título já me apaixonaria por esse livro. Nome de autor nacional seria a cereja do bolo... Mas a sua resenha? Amei! Já anotei a dica! A Editora Valentina é uma das que eu sonho em um dia me dar uma oportunidade de publicar com eles!
ResponderExcluirBjos
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirAmei essa capa e o título e agora lendo sua resenha, a história também. To colocando o livro na lista de futuras aquisições. Um jeito da gente aprender mais sobre esse tema e poder ajudar quem passa por isso.
Parabéns pela resenha.
Beijos
Laneh Martins
http://livrosetalgroup.blogspot.com.br/
Oi, Joanice
ResponderExcluirGosto de livros com críticas sociais, principalmente ao que se refere às mulheres. E se tem uma mensagem de esperança melhor ainda. Gosto muito da escrita da Lycia, que bom que também gostou. Sou doida para ler esse livro. Linda resenha.
Blog Livros, vamos devorá-los
Olá
ResponderExcluirNão sou muito fã de romances do tipo, me lembra muito comédia romântica, mas sem a parte da comédia, gostei da história se desenrolar aqui no Brasil, e talvez isso me faça ler o livro.
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirA parte que retrata a violência é até interessante ser abordada, mas não sei... Não senti muita firmeza hahaha. Não me vi atraída e não tive vontade de ler, sabe? Acho, na verdade, que é uma história comum retratada de forma comum.
Olá, eu ainda não li nada da autora, e também não conhecia esse livro.
ResponderExcluirPela sua resenha achei super interessante a obra trazer essa temática e favorecer uma reflexão sobre a violência conta a mulher. Certamente lerei quando puder.
Olá!
ResponderExcluirGente, que premissa linda e real! Já vi algumas resenhas dele e cada vez mais me sinto instigada em ler. Obrigada pela dica!
OiiI!
ResponderExcluirEu não li nada da autora ainda, mas eu morro de curiosidade! Ela parece escrever muito bem e sempre traz temas extremamente importantes para o debate. Mesmo sabendo que essa é uma triste realidade, acredito que todas as obras sobre o tema precisam ser discutidas para quebrar certos tabus.
A resenha está ótima!
Beijinhos,
Olá Joanice,
ResponderExcluirEsse livro tem ma temática bastante forte e que precisa ser discutida. Acho que a autora trabalhou com proeza esse tema nesse livro e fiquei muito curiosa para ler o livro, pois ainda não tive a oportunidade de fazer a leitura.
Beijos ♥
Oi!!!
ResponderExcluirSua resenha está ótima e muito bem escrita.
Infelizmente a história de Ágata é a mesma de muitas mulheres pelo mundo.
É real e muito triste essas leituras, mas bom vermos que sempre pode ter um final feliz, e espero que mulheres que passam por isso possam ver a luz no fim do túnel com livros assim.
Oi!!
ResponderExcluirJá tinha visto esse livro nas redes sociais, mas é primeira resenha que leio sobre ele.
Não imaginava que se tratava sobre violência contra a mulher, gosto de livros com temas fortes e fiquei bem interessada em ler ele e conhecer a escrita da autora.
Beijão!
Olá! Adoro a autora Lycia Barros, ela é super atenciosa com os fãs. Mas confesso que ainda não li o seu livro e conheci um pouco mais com o seu post. Já marquei na minha lista de favoritos. Estou naquela vibe de romance e com certeza vou ler o mais rápido possível essa obra.
ResponderExcluir