Título:
A
Chama da Esperança II: A Luz da Redenção
Autora:
M.V.Garcia
Editora:
Clube
dos Autores
Ano:
2016
N°
de Páginas: 340
|| Livro cedido em parceria com a autora ||
Sinopse:
A guerra tomou rumos improváveis. Kaira está desaparecida e o Exército da Esperança precisa continuar a agir. Hawk, o antigo Capitão do 1º Esquadrão de Willford, descobre sua própria origem e sua vida não será mais a mesma. Decidido a se afastar de tudo e de todos, ele descobrirá que não é fácil fugir dos erros do passado.
A conclusão desta saga nos traz novos segredos e personagens que remontam ao início da longa guerra entre Willford e a República. Para descobrir como essa guerra termina, você precisa conhecer os dois lados da história.
Essa resenha contém spoilers do livro anterior.
Sugiro que leia a resenha do livro I - || AQUI ||
“Esquecer o passado é
até fácil, mas não adianta muita coisa. Mas se aprender alguma coisa com ele,
aí acho que terá valho a pena.”
A
Chama da Esperança II: A Luz da Redenção é uma continuação
eletrizante, bem pontuada e cheia de aventuras e revelação de segredos que
deixam qualquer leitor de boca aberta.
Após a batalha em
Alumia, o capitão do 1° Batalhão de Willford – Hawk Kyrie - é levado pelas
correntezas de um rio e é amparado inconsciente por uma feiticeira da água
chamada de Shan, no vilarejo de Soougi, no país de Nephdeen que é um território
neutro na briga entre a Willford e a República dos Cinco Clãs Feiticeiros. Ela
cuida carinhosamente dele mesmo sabendo que se trata de um homem que mantou
milhares de feiticeiros por pura vingança.
Hawk acorda meio
perdido e é recebido por um sorriso caloroso de sua cuidadora, porém ele sente
vergonha por ter feito tudo que fizera com os feiticeiros e fica piorou quando
ele descobriu que era um feiticeiro do trovão. Sua mãe Elizia era uma
feiticeira do trovão e casou-se com o médico Gallas na época que sobreviverá a
um ataque quando era membro dos Falcões
Negros. Ambos os pais decidiram por ocultar os poderes de Hawk e morreram
num ataque feito pelos ex-companheiros de Elizia e isso alimentou o ódio do
capitão.
Shan consegue ler a
mente de águas turbulentas e escuras de Hawk – poder dos feiticeiros da água –
e sabe que ele é um feiticeiro de coração de ouro e valente que foi apenas
levado por seus sentimentos e vingança infundada. Ela o convence a ficar e
ajuda-la nos cuidados com Mei Mei que fora também encontrada pela senhora Shan.
Mei Mei tem sete anos e dona de uma vivacidade impressionante. É uma feiticeira
do fogo, mas não se lembra de sua história, porque suas pedras-guardiãs estão
quebradas e suas memórias perdidas.
Ele começa uma nova vida ao lado de Shan e Mei
Mei. Ver na garota uma irmã que nunca teve, mas toda paz tem que acabar em
algum momento. Ele só não esperava que o “furacão” que destruiria sua nova vida
fosse nada menos que Kaira, a líder da Revolução e do Exército da Esperança,
que é filha de Rosaria Seres – ex-rainha de Willford – que não se lembra de que
Hawk é o homem que matou seu avô há alguns anos atrás.
Com medo de ser
reconhecido, Hawk tenta a todo custo fazer com que Kaira vá embora e decida de
querer a ajuda dele para volta para a República. Ele quer ter uma nova chance
onde está. Só que a senhora Shan avisa-o que sempre temos que dizer a verdade e
pagar por nossos erros, isso seria o certo que o ex-capitão teria que fazer com
a líder da revolução.
Kaira passa algum tempo
na cabana da senhora Shan e sua curiosidade para saber sobre Hawk é despertada
– agora chamado de Rideel – porque, ele apenas não interage com ela e Mei Mei –
que na verdade é a irmã de Garo – também não se lembra da jovem. Sentindo-se
insatisfeita e sozinha naquele lugar, ela decide ir embora sozinha para a
República, porém Arkis – um dos membros dos Falcões
Negros – começa uma matança sem precedentes no vilarejo e o destino de
Kaira e Hawk se entrelaça quando são os únicos sobreviventes daquele ataque.
Eles partem desolados
pelas perdas de Mei Mei e Shan para o destino que Kaira já havia traçado. Hawk
apenas acompanhou-o, porque a senhora Shan lhe pedira antes de prevê toda a
destruição para Soougi. Ela sabia que ambos tinham muitas coisas para resolver
e somente juntos poderiam alcançar seus objetivos e ajudar Willford e a
República.
Quando chegam à
República Hawk não tem mais certeza se quer chegar até o final daquela jornada.
Estava preparado para morrer se fosse necessário para pagar pelo seu passado,
todavia não queria se separar de Kaira. Ali nascia um sentimento puro e capaz
de trazer perdão para as pessoas que praticaram atos cruéis.
Será que Hawk será
reconhecido na República? Se for, qual o destino dele? E se Kaira lembra-se
dele antes? Ele realmente está pronto para ser punido por ter condenado sua
raça? Qual o futuro de ambos os reinos? Qual sentimento move a líder da
revolução e o ex-capitão? O que acontecerá com os Falcões Negros?
“Um amor pode provocar
grandes mudanças em nossa vida, e nos fazer passar por dificuldades. Mas também
nos torna mais fortes.”
Esse livro tem uma
fluidez impressionante. Em um dia terminei a história toda, porque estava louca
para saber o final para todos os personagens e posso dizer que a autora me
cativou nessa continuação, porque temos uma nova visão sobre Hawk que era
detestável na primeira parte e a imaturidade Kaira beirava a loucura e a
insensatez para uma líder. Nessa obra temos personagens tão ativos que é
impossível não se vê dentro dessa luta entre Willford e a República dos Cinco
Clãs Feiticeiros.
Kaira Seres continua
uma adolescente difícil de domar sua teimosia, mas amadureceu diante os últimos
acontecimentos e consegue ergue-se mesmo diante o cenário tenebroso que se
estende diante dela e que espera por uma ação dela. Ser a líder da revolução
lhe força a tomar decisões que as pessoas esperam dela e isso consequentemente
a frustra claramente, já que ela não quer ser rainha, caso ela e seu Exército
da Esperança consigam alcançar o êxito.
“Sobreviva. Viva.
Escreva a sua história. A minha termina aqui.”
Hawk Kyrie é uma
visível redenção – nome que combina com sua pedra-guardiã – porque ele mostra o
feiticeiro que não sabia que era. Ele é tomado pelo sentimento de culpa e isso
dava uma agonia tremenda, porque tive a vontade de abraça-lo e dizer que todos
têm direito ao perdão e recomeçar sem olhar para trás. Ele estava
experimentando um sentimento antes não conhecido por ele, o amor. O ex-capitão
viu-se nutrido pelo amor quando se encontrou com a senhora Shan, Mei Mei, a
lembrança de seus pais e do seu pai adotivo, o general Vincent e agora com a
presença de Kaira. Apenas o remorso e a dúvida podem coloca-lo para sempre na
prisão de seus pesadelos.
A senhora Shan é uma
mulher extremamente sábia e tranquila, algo típico dos feiticeiros da água. Ela
além de conseguir ver o futuro de Hawk também alcançou com sucesso a atividade
de nutrir a esperança e a vontade de viver e recomeçar no seu pupilo. Ela
mostrou que o perdão mais importante é o nosso para nossas falhas. Ela
cuidadosamente apresentou que toda ação tem uma reação, porém nenhuma aflição é
eterna.
Os Falcões Negros
tornaram-se mais violentos e loucos por destruir tudo para o começo de um novo
reino. O líder deles é um ser oculto e misterioso e quando revelada sua
identidade, é o momento que percebemos que não prestamos atenção em alguns
detalhes e indicavam sua verdadeira existência.
Adill – tia adotiva de
Kaira – é a estrategista do Exército da Esperança desde seu surgimento e
segurou as pontas quando sua sobrinha tinha desaparecido. Ela é extremamente
cautelosa e desconfiada e quando se depara com Hawk – Rideel ali e sob um
efeito de um feitiço de não reconhecimento – junto com Kaira, seu alerta liga e
denuncia que algo de errado está acontecendo. Não vou mentir que teve momentos
que desejei que Adill sumisse, porque ela estava ficando paranoica e
controladora demais. Insuportável para dizer a verdade. Uma coisa é ser cautelosa,
outra diferente é alimentar paranoias baseadas em “intuições”.
Christine – feiticeira
da água e amiga de Kaira e Garo – feiticeiro de fogo/ amigo de Kaira e irmão de
Mei Mei – estão cada vez mais próximos e um sentimento lindo é despertado entre
eles. Lembrando que Chris sempre mostrou afeição pelo rapaz e só depois que os
rumores de reciprocidade de Garo vieram á tona. A jovem é fundamental nesse
livro e mostrou-se uma personagem forte, sábia e leal aos amigos. Garo também
amadureceu surpreendentemente e encanta com seus diálogos atrapalhados, mas
sinceros.
“– Esta será a batalha
final. Não podemos falhar. Não importa qual lado vencer... A guerra acabará
nesse dia.”
Os acontecimentos desse
segundo volume correspondem as minhas expectativas e em muitos momentos fui
tomada pela surpresa em relação a muitos personagens que evoluíram
emocionalmente e tornaram-se mais cautelosos e outros sinceros e abertos para
amar, como Hawk e Adill.
M.V.Garcia mostrou-se
uma escritora talentosa e que consegue misturar RPG e Fantasia de forma
equilibrada e com um talento maravilhoso encanta os leitores com personagens
destemidos mesmo diante seus medos e pesadelos.
A capa de ambos os
livros são lindas e adoro essa construção ilustrativa que representa bem Kaira
e Hawk.
“– Então devemos apenas
aceitar que em Willford e República as pessoas pensam diferente? Não podemos
fazer nada para mudar? – Shan olhou para Hawk com um olhar duro. – O que você
já tentou fazer?”
A Chama da Esperança II: A Luz da Redenção é a continuação sensacional e brilhante que dar um ponto final na guerra entre Willford e a República dos Cinco Clãs Feiticeiros, mostrando que em tempos ruins todos podemos ser heróis.