[Resenha] Um teto todo seu - Virgínia Wolf

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Título: Um teto todo seu
Autora: Virginia Woolf
Editora: Tordesilhas
Ano: 2014
N° de Páginas: 190


Sinopse:
Baseado em palestras proferidas por Virginia Woolf nas faculdades de Newham e Girton em 1928, o ensaio Um teto todo seu é uma reflexão acerca das condições sociais da mulher e a sua influência na produção literária feminina. A escritora pontua em que medida a posição que a mulher ocupa na sociedade acarreta dificuldades para a expressão livre de seu pensamento, para que essa expressão seja transformada em uma escrita sem sujeição e, finalmente, para que essa escrita seja recebida com consideração, em vez da indiferença comumente reservada à escrita feminina na época. Imaginando, por exemplo, qual seria a trajetória da irmã de Shakespeare – caso o famoso escritor tivesse uma e ela fosse tão talentosa quanto o irmão –, Woolf descortina ao leitor um cenário em que as mulheres dispunham de menos recursos financeiros que os homens e reduzido prestígio intelectual. Será que à irmã de Shakespeare seria dada a mesma possibilidade de trabalhar com seu potencial criativo? Como o papel social destinado aos dois sexos interfere no desenvolvimento (ou na falta) de uma habilidade nata? Virginia mostra como, na época, a elaboração da competência de uma pessoa dependia de seu sexo, uma vez que a sociedade reservava aos homens e às mulheres papéis, atribuições e concessões bastante distintas. A maioria das mulheres não dispunha da liberdade e da privacidade necessárias para ter um lugar próprio para refletir e laborar na escrita. Daí a afirmação da escritora de que“uma mulher precisa ter dinheiro e um teto todo seu se quiser escrever ficção”. Uma mulher precisa ter condições financeiras e espaço para pôr-se a contemplar suas ideias e colocá-las no papel. Com a linguagem original e a fluidez de pensamentos que lhe são características, Woolf aponta neste ensaio um padrão duplo presente na sociedade, segundo o qual os homens eram estimulados a aprimorar suas habilidades criativas enquanto às mulheres era reservado um papel de sujeição. Esta edição traz, além do ensaio, uma seleção de trechos dos diários de Virginia, uma cronologia da vida e da obra da autora e um posfácio escrito pela crítica literária e colaboradora da Folha de S. Paulo Noemi Jaffe.

 Um teto todo seu é um diálogo de Virgínia Wolf com os leitores sobre mulheres e o ato de escrever, numa época – até hoje – na qual mulheres não tinham direito a serem ouvidas.


Um livro que à primeira vista parece pequeno, mas que através de cada folha folheada nos deparamos com uma verdadeira viagem histórica para o século XV que perpassa o local – tempo – onde a autora está inserida e que ainda permeia os debates sociais e filosóficos no século XXI sobre o papel da mulher na sociedade e principalmente, como criadora da ficção através da Literatura.

Virginia Woolf foi uma escritora inglesa renomada que andou pelas ruas mais famosas de Londres e frequentou várias faculdades para palestrar sobre seus livros. No início do século XX, ela debatia sobre o seu mais atual trabalho intitulado, Um teto todo seu” que conta seu cotidiano na cidade  de Londres – cidade do famoso detetive Sherlock Holmes -  e sobre seus debates referente a temática do papel das mulheres e a ficção ,além de como viveu e ainda vive o gênero feminino diante desafios e dificuldades de expressar seus sentimentos através um instrumento valoroso: AS PALAVRAS.

“Mas os poetas vivos expressam um sentimento que está sendo criado e ao mesmo tempo arrancado de nós neste momento.”

Durante a leitura, a autora nos convida literalmente para dentro de sua casa, seus pensamentos, suas indagações e de sua rotina na profissão de escritora, na cidade de Londres, enfatizando sua luta constante e estressante que marca toda a história desse ensaio e ilustra que para as mulheres terem a chance de trabalharem como escritora, tem por obrigação terem um teto – literalmente – e coragem para enfrentar os preconceitos de outras mulheres e principalmente, pelo machismo que ditava que mulheres que expressavam seus sentimentos na ficção, eram levianas e promíscuas, porque nenhum ser do gênero feminino teria capacidade intelectual para criar histórias.


Senti-me agraciada pelo convite incrível de uma autora que viveu intensamente seus dias entre a alegria de escrever e a perda dos seus pais, transformou a dor em palavras que tocam a nossa alma e um ser humano que contribuiu significativamente para mudança de pensamento sobre as mulheres.

Através de conversas com seus amigos recheadas com vários ensinamentos e reflexões, nos vemos novamente sendo convidados para sentamos juntos e entrar na conversa para conhecer mais sobre o real papel social da mulher na Literatura. Como leitora, te garanto que não vai para de ler ou conversar com eles! (GIF)

Uma palavra que define essa mulher é inconformada com situação das mulheres no que se refere em todas as áreas – enfatizando o poder de escolha livre de julgamentos – assim trazendo em cada capitulo, uma série de questionamentos reflexivos de como as mulheres não tinham direito a receberem o mesmo salário do que os homens, consequentemente se espalhava para o campo literário, no qual os homens eram publicados sem pormenores, porém as mulheres eram subjugadas e quando publicadas, recebiam menos e isso transpassa os séculos, porque esses fatores ainda interferem no trabalho editorial feminino.

“Você tem noção de quantos livros sobre mulheres são escritos no decorrer de um ano? Vocês têm noção de quantos são escritos por homens? Têm ciência de que vocês são talvez o animal mais debatido do universo?”

A escritora Virginia Woolf mostra que não houve poucos casos de mulheres ficcionistas durante o século XX, na literatura inglesa, com exceções que usam pseudônimos de Currer Bell (Charlotte Brontё), George Eliot (Mary Ann Evans) e George Sand (Amandine Duplin), seus escritos consistiam em uma luta íntima contra os preconceitos de ser uma mulher escritora.

Será que é diferente dos dias atuais? Podemos fazer abertamente sobre os mais diversos gêneros da literatura, sem interrupções? Ou as mulheres são intelectual, moralmente fisicamente inferiores aos homens?

Wolf convida a todos para pararem um pouco e refletirem sobre as mulheres e seu poder de escrever, não somente romances, todavia ser livre para construir – escrever - qualquer tipo de gênero para expressar seus sentimentos e ressalta os direitos conquistados, como, o direito de voto, de divórcio e ganhar seu próprio salário e usá-lo com o que desejasse a sua inserção no mercado de trabalho, direito ao estudo e o ingresso nas Universidades.


A capa é linda e bem integrada no contexto do livro. As folhas são amareladas e além do tamanho da obra ser excelente para carregar em qualquer bolsa ou na mão mesmo como uma companhia inseparável.

Meus caros leitores e leitoras faço novamente o convite para sentassem num sofá ou numa cadeira e folhear cada página desse livro e ter um teto todo seu para escrever sem interrupções. Recomendo a Leitura, então aproveite e navegue na maestria das palavras de Virginia Wolf!

“Uma mulher precisa ter dinheiro e um teto todo seu, um espaço próprio, se quiser escrever ficção.”



Comentário(s)
2 Comentário(s)

2 comentários

  1. Oie!

    Já ouvi falar desse livro, até porque a capa não é estranha, mas por mais que a proposta seja bastante interessante, a obra em si não despertou meu interesse, e cai bem fora do que procuro na literatura!

    Bjss, vem participar do nosso sorteio, serão 3 Ganhadores e um levará um livro surpresa da Ler Editorial!
    http://resenhasteen.blogspot.com.br/2017/08/sorteio-do-desapego-3-ganhadores.html

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  2. Ola Ana lindona amei essa capa de livro, adorei o tema do livro, sobre as dificuldades da mulher em conquistar alguns direito, inclusive a liberdade de escrever em um época. Dica mais que anotada. beijos

    Joyce
    Livros Encantos

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