Título:
Maria
Isabel & Soraia – Mulheres em Cena
Autora:
Nara
Tosta
Editora:
Bambual
Ano:
2017
N° de Páginas: 176
|| Livro cedido em parceria com a Oasys Cultural||
Sinopse:
"Luiz Henrique parecia ouvir as lamúrias de Maria Isabel. Acordou, sorriu e a puxou para abraçá-la e beijá-la. Ficaram juntinhos sem nada dizer. Ela deixou as lágrimas rolarem, e ele, claro, não percebeu. Como mulher, deseja dizer tudo que guardava em seu coração, mas não teve coragem de expor seus sentimentos e se calou."Não se destrua, Soraia! Você não merece isso!, pensou ela, deixando a força de sua mente se manifestar, olhando fixamente para sua imagem no espelho. Se não ficaram juntos, é por que não era o destino. Tem que encarar essa verdade!"
Maria
Isabel & Soraia são crônicas contemporâneas que exploram
a liberdade individual através de mulheres que estiveram aprisionadas por anos
até encontrarem o poder de escolher seus caminhos sem convenções machistas e
sociais.
Temos duas histórias de
mulheres que se descobriram após entrarem em contato com situações que exigiam
posicionamentos diferentes do que acostumavam fazer e as deixavam nas mãos de
outras pessoas.
Nossa primeira
personagem é Maria Isabel que é casada com Luiz Henrique há vinte anos e
sente-se desvalorizada e não amada pelo marido. Ela é uma mulher alto-astral,
alegre, divertida, independente e está numa fase de atender a suas vontades e
não a viver sob padrões estabelecidos pela sociedade. Ela é mãe de um
adolescente chamado Vinicius. Sua rotina é acordar, tentar um contato afetivo e
carinhoso com o marido que sempre se preocupa com seu trabalho e nenhum um
pouco com os sentimentos dela, cozinhar, levar seu filho para escola, depois
malhar na academia – o que melhorou sua autoestima – e chegar em casa e
planejar suas visitas a suas clientes de moda fitness.
“[...] percebia que o
mau humor e a falta de assunto do marido eram só com ela.” p.13
Nossa personagem se ver
como uma mulher que luta para o bem estar de seu casamento sozinha, porque Luiz
Henrique somente se preocupa com sua carreira e sucesso profissional. O homem é
deplorável em seus posicionamentos e articulações sentimentais e vira e mexe
machuca os sentimentos da esposa. Ela se vê abandonada dentro de um matrimônio
que um dia foi feliz e seu cônjuge não compartilha de suas aspirações
comerciais e profere constantemente comentários maldosos e machistas contra a
mulher. Ele é contra o sonho de Isabel em ter um negócio próprio de vender moda
íntima e fitness. Para ele esse trabalho é para mulheres “vulgares” e
“oferecidas” como a própria mãe dela era, segundo ele.
Colocada em uma
situação amarga e indigesta, Maria Isabel se ver na beira da ruína de seu tão
amado casamento e constantemente é alvo de paqueras e isso tem mexido com suas
emoções e colocado em xeque a validade de seu relacionamento.
Será que ela merecia
estar numa relação desgastada e principalmente nociva ao seu bem estar? Será
que qualquer mulher deve suportar humilhação, violência física e verbal para
agradar a sociedade e fingir ter um casamento feliz? O que é mais importante: a
felicidade individual ou a ideia romântica de um matrimônio?
“Ultimamente, sua alma
estava destroçada e, em sua fragilidade, não suportava mais tanta dor e chorava
sempre com o desprezo e o descaso dessa relação.” p.33
A segunda narrativa é
estrelada por Soraia. Ela é uma mulher quarenta e seis anos, mãe de dois filhos
já adultos que estão no auge de suas carreiras. Ela uma sócia de um salão de
beleza renomado. Sempre se sentiu realizada – pelo menos nos últimos dez anos
de sua vida – após sua separação de seu ex-marido que a subjugava diariamente e
não permitia que trabalhasse. É forte, decidida e feliz em tudo, menos no amor,
porque não ficara com seu grande amor.
Numa manhã tranquila de
domingo após uma noite agitada e um sentimento ruim dominar seu coração, Soraia
recebera uma notícia que destruiu seu coração esperançoso e eternamente
apaixonado: seu grande amor Gustavo morrera após um grave acidente e assim com
seu falecimento, o amor de ambos fora enterrado e nunca selado para sempre.
Após esse golpe
inesperado da Vida, Soraia torna-se uma pessoa em depressão e entrega-se ao
alcoolismo e consegue afastar todos que ama. Ela apenas nutre-se de sua dor e
perda e não percebe que deveria celebrar suas conquistas, o amor que deve com
Gustavo no início de sua juventude e a existência de seus filhos e sua irmã.
Você também cairia no
fundo do poço após saber que não existiam mais possibilidades de viver com o
grande amor de sua vida? Será que a dor nada mais é que o lembrete diário da
Morte para os humanos de que a nossa permanência é breve? Será que podemos ser
pessoas mais fortes após um sofrimento extremo?
Maria Isabel é uma
personagem de personalidade bem desenhada e consegue expressar seus sentimentos
com facilidade, mas não consegue agir com praticidade e desapego quando se faz
necessário. Ela é sensível em tudo que faz, porém não se permite a refletir com
cautela sobre seu casamento. Ela é típica daquelas pessoas que acreditam em
mudanças súbitas de seus cônjuges, na qual eles se transformam em seres humanos
melhores e sabemos que isso é apenas idealização e frustração é a única
recompensa desse investimento.
“- Nem sempre necessita
ser forte, às vezes a fragilidade traz renovação mais rápido.” p.84
Soraia já é uma mulher
que vivera sob as ordens severas de sua mãe e por isso não pode ficar ao lado
de Gustavo. Tivera um casamento infeliz, mas dois filhos maravilhosos vieram
dessa relação. Somente na separação conseguira se encontrar como mulher e
acabou se realizando plenamente em diversas áreas de sua vida, mas apenas seu
lado amoroso esperava uma atitude dela em ir atrás de seu grande amor, porém a
demora resultou na perda final de seu amado.
Logo temos personagens
extremamente realistas que nos assombram com sua veracidade. Quando amamos
temos tendência em acreditar que as mudanças vão chegar para nossos amados – ou
amadas – para tenhamos relacionamentos melhores ou pelo menos mais toleráveis,
como a Isabel e também podemos ser levados pelas correntezas da dor e do
martírio quando a oportunidade de realmente formos felizes com o amor é tirada
de nós sem aviso prévio.
O brilhantismo da
autora é visto nas histórias bem contadas e apresentadas aos leitores, nos
levando a lembrar de acontecimentos diários em nossas próprias vidas.
Dificilmente não conseguiremos nos identificar em algum momento com essas
mulheres. Através dos sentimentos delas temos a tradução de nossos dilemas
pessoais. Vemo-nos refletidos nas dores e recomeços daquelas duas personagens.
A capa do livro e o
trabalho de diagramação dessa obra são esplêndidos, porque as folhas são todas
rosas e com fonte bem delicada e confortável para a leitura. É como se tivéssemos
em mãos a delicadeza e fragilidade das personagens.
Fiquei apaixonada por essa capa, é de um cuidado surreal, isso é muito bonito! Entendo quando você diz que nos sujeitamos a certas coisas na esperança de que nosso amado vá melhorar, isso é preocupante. Sua resenha me deixou bastante interessada.
ResponderExcluirOi, Joanice.
ResponderExcluirGostei muito da sua resenha, principalmente das suas descrições das personagens!
Fiquei com vontade de conhecer mais sobre essas mulheres!
Beijos
Camis - blog Leitora Compulsiva
Oi, tudo bem ?
ResponderExcluirAdorei a capa do livro,e sua resenha ficou lindíssima !
Uma pena não ser bem meu estilo de leitura! Obrigada pela dica de qualquer forma !
Beijos :*
O trabalho gráfico do livro está um encanto. Não curto muito a leitura de crônicas, mas a forma como tudo foi relatado é muito interessante e instigou minha curiosidade. Espero poder ler um dia.
ResponderExcluirRaíssa Nantes
Olá,
ResponderExcluirEu não conhecia essa obra, mas pelo simples fato de conter personagens fortes e marcantes já me deixou animado em conhecer a história delas. Achei a capa dele também muito bem desenvolvida, sem falar que sua resenha está maravilhosa e completa! ♥
→ desencaixados.com
Oi! Que livro bacana! A temática atual é bastante interessante, e qual mulher, em algum momento da vida, não se identifica com a vida das personagens? Quem não viveu, pele menos conhece uma mulher que viveu aqueles momentos de angústia e tristeza.
ResponderExcluirAdorei a dica! Beijos!
Oii Jo, tudo bem? Gostei muito da sua resenha e conhecer esse livro! Não sou muito fã do gênero, mas fiquei curiosa e anotei sua dica :) Fora que essa edição parece estar mesmo muito bonita.
ResponderExcluirBeijos!
Ola Joanice lindona, não conheci o livro mas já amei os temas das crônicas tão atuais e realistas vivenciadas por muitas mulheres e suas gamas de emoções. Com certeza irei ler, dica mais que anotada. beijos
ResponderExcluirJoyce
Livros Encantos