Queria que as pessoas se
calam-se. Silenciam-se.
Não sei pensar com tantas
vozes. Minha mente é um campo de batalha. Nunca há vencedores. Só
sobreviventes.
Vozes conhecidas me
alegram com doces lembranças. Na área de trabalho da minha mente só preocupação
e poucas diversões.
No disco rígido só há
maldições. Escuridão. Tudo o que não mostro as pessoas.
Nunca haverá ninguém que
desvendará a máquina que é a minha mente.
Sem manual quem lerá?
Todos querem um software
simples e sem complicações em sua utilização.
Meu hardware a cada dia
está sendo danificado. As vozes dentro de mim querem a vida aqui fora. O que
digo a elas?
Aqui é só ilusão. Em sua
prisão estão a salvo de tanta decepção.
Não há preparatório para
receber tantos inquilinos.
Eles entraram em minha
mente e a tornaram em um cortiço.
Muitas vezes não percebo
sua presença, mas basta olhar algo que ative lembranças e eles aparecem.
A dor na cabeça surge.
Parece uma tora de madeira sendo cortada ao meio ou uma bigorna sendo soltada
em um esqueleto de construção.
Uma selva com leões e
tigres ferozes e indomáveis. Monstros horripilantes moram em minha mente.
Se as pessoas olhassem
minha mente se afastariam de mim. Me julgariam impura, como um leproso nas ruas
do Império de Pilatos.
Me taxariam de imoral.
Possuída por demônios.
Em mim hábitos grandes
tormentos. A caixa de Pandora habita em minha mente.
Ela é intocável até para
mim. Não sei se posso controla-la. Não sei se estou pronta.
Sem saída. É minha
responsabilidade.
As pessoas são egoístas.
Mesquinhas. Hipócritas. Querem a perfeição alheia.
Como posso ser perfeita
com inquilinos indesejáveis em minha mente? Destruindo minha sala de estar?
Arrombando os quartos de boas lembranças e sujando com sujeira de dores, erros
e palavras mal usadas.
Como posso sobreviver se
a guerra mais devastadora e sangrenta é minha mente?
Será que não sabe que
preciso de silêncio para viver?
As vozes em minha mente
são traiçoeiras e vingativas. Precisam de uma fagulha para dominarem meu ser.
Seria meu fim. Caos instaurado. Caso perdido.
Elas moram em mim. Estão
em mim, mas não são partes de mim.
Não os alimentos. Quero
que morram sem se reproduzirem.
Tornam impossível ser
livre. Emitem regras. Limitam minha felicidade.
Angustiam meus
pensamentos. Confundem meus sentimentos.
São aprisionamentos.
Silêncio. É só disso que
preciso.
Sem palavras
desnecessárias. Fofocas fatais querem distâncias. Absurdo silêncio.
Sem pensamentos alheios.
Não quero opiniões. Sem conselhos.
Não quero que me julguem
como teimosa ou incrédula, mas quero que um abismo sem fim seja feito entre mim
e as más línguas.
Há um massacre está sendo
arquitetado em minha mente e não quero perder meu tempo com futilidades.
Sem acréscimo de
sabedoria, dispenso todo comentário de euforia.
Não tenho armas para essa
guerra.
Talvez tenha. Amor.
Sem Ele não posso vencer.
Com chances reais.
Agora.
Somente Eu e meus
Inimigos.
Joanice
Oliveira