[Resenha] A Menina que Não Sabia Ler II - John Harding

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Título: A Menina que não Sabia Ler II
Autor: John Harding
Editora: Leya
Ano: 2014
N°de páginas: 288



Sinopse:
Um acidente de trem. Uma identidade trocada. Os detalhes poderão mudar o rumo dessa história... Depois de viver presa num mundo obscuro, assustador e sem palavras em 'A menina que não sabia ler', a pequena Florence viverá uma nova e misteriosa aventura onde nada é realmente o que aparenta ser e todos podem se tornar inimigos em potencial. Mas onde ela encontrará uma saída? Um aliado? O misterioso médico John Shepherd busca um recomeço para sua vida em um lugar nada promissor - uma ilha que funciona como uma clínica psiquiátrica exclusivamente para mulheres. Nesse antro de segredos e sofrimento, Shepherd tentará esquecer seus pecados devolvendo a humanidade às pacientes. A primeira em quem vai experimentar sua doutrina de cuidados, o 'tratamento moral', é uma atraente jovem pálida de cabelos escuros que não se lembra do próprio nome, fala de modo estranho e não consegue saber quando e como chegou àquele lugar. Por que afinal ela desperta tanto a curiosidade do médico? Entre pacientes mais inteligentes que as próprias enfermeiras responsáveis por elas, segredos por todos os lados e figuras assombrosas (e assombradas) percorrendo misteriosamente os corredores da clínica durante a noite, as vidas de Florence e John Shepherd estarão mais ligadas do que podemos imaginar... Arrisque-se e tente achar uma saída no labirinto claustrofóbico criado em 'A menina que não sabia ler volume 2'.


Não sabia da existência da continuação de A Menina que não sabia ler e quando fiquei sabendo, procurei logo comprar o livro. Li em duas horas e terminei com a sensação de que faltou mais alguma coisa com a obra.

O livro conta a história de Florence após sua fuga da mansão do tio, onde aconteceram coisas que fizeram ela e seu irmão Giles de saírem daquele lugar. Não posso dizer que coisas, pois elas terminam o final e os acontecimentos do primeiro livro.

No segundo volume, Florence está internada numa Casa para Mulheres com transtornos mentais ou que estão com traumas na psique. Ela foi encontrada na rua sem saber falar coisas com coerência e tinham determinado que ela não sabia ler. Algo muito curioso, pois ela aprendeu a ler no primeiro livro, então concluímos que há algo de muito estranho acontecendo com ela.

“ Sempre foi meu lema poupar energia para as batalhas que mereciam ser travadas, por isso limitei-me a sorrir, como se apreciasse a confissão de uma fraqueza venial de um ser superior. ”

Em paralelo a isso, temos a chegada do Dr. John Stepherd que é um jovem médico que decidiu infelizmente recomeçar sua vida na Casa Psiquiátrica que Florence se encontra. Ele parece ter um passado negro e esconde isso à sete chaves de todos, entretanto a supervisora do hospital parece estar de olho nele e isso causa desconforto e insegurança em sua atuação no local. Isso mesmo, ele atua. Uma dica para os futuros leitores desse livro.

Stepherd foi contrato para ser assistente do Dr. Morgan que é um velho médico da velha-guarda que adota como tratamento os conceitos de tortura e autoritarismo com suas pacientes. Stepherd se horroriza com tudo isso e acaba em meio a uma disputa com seu chefe. Morgan defende os novos conceitos de tratamentos que tem aval total da Ciência em contrapartida, o jovem médico defende o Tratamento Moral que nada mais é que um tratamento mais humanitário, na qual os pacientes sentem-se como estivesse em casa convivendo com outras pessoas e fazendo atividades selecionadas para ajudar em sua mais rápida cura.

“ Nesse momento, como se sentisse o peso do meu olhar, a garota ergueu a cabeça e me encarou de um modo que me fez sentir frio na espinha. ”

Isso gera uma relação de rivalidade entre os médicos. Toda vez que se encontram o Dr. Morgan joga seu veneno contra as teorias de seu jovem assistente e acaba aceitando a proposta de Stepherd de que ele acolheria uma paciente para ser cobaia em seu Tratamento Moral. Nisso Florence é escolhida para ser a cobaia do assistente. Stepherd sente uma atração monstruosa pela aquela jovem de cabelos negros e olhos profundos que parecem clamar pelo lado oculto do jovem médico.

“ Eu poderia fazer alguma coisa com aquela moça; ela tinha a argila que podia ser moldada; era louca, mas também esperta. ”

Enquanto o jovem assistente tenta confirma a eficácia do tratamento que tanto venera, ele começa a descobrir mais da sua paciente. Até esse momento, ninguém sabia que a garota que parece ter 16 anos trata-se de Florence que bem conhecemos parece ter um quadro agudo de transtorno de perseguição e psicose no primeiro livro. Nessa ilha infeliz e isolada do sul dos EUA, ela é apenas uma garota que não lembra do seu passado e é aparentemente inofensiva.

“ Ficamos assim, com sua mão sobre a minha como se fosse uma borboleta, sem dizer uma palavra, até de repente ficar uma situação estranha e nos afastarmos as mãos ao mesmo tempo. ”

O envolvimento dos dois acaba sendo bem macabro, porque sentimos que eles estão agindo como paciente e médico, mas a relação deles acaba sendo gerada por um sentimento de reconhecimento mútuo. O sentimento que os une é a Maldade.

Os olhos negros de Florence são a expressão de sua alma maléfica e perturbada que bem conhecemos no primeiro livro, já o Dr. Stepherd é um mistério até então, porém descobrimos sua verdadeira identidade. Entendemos porque ele diz que estava recomeçando e fugindo de algo que queria se libertar.

“ Apesar de não ser sádico, eu entendia perfeitamente a emoção de dispor do poder divino de ditar o destino de outra pessoa. ”

Aqui conhecemos a dor da internação de pessoas que sofrem problemas mentais ou estão em fases difíceis que levaram à loucura e que trazem às claras, uma discussão relevante que é os tratamentos que esses pacientes recebem por clínicas a fora. Tratamentos que muitas vezes parecem mais torturas do que um processo de cura.

Nos deparamos com mentes perversas e que são apaixonadas pela dor alheias. Mentes que maquinam o mal em cada passo que dão. Nutrem uma paixão avassaladora pela crueldade. Mentes que mostram toda a depravação humana, não escondendo que não nascemos bons, mas aprendemos a ser bons.

“ Não veja o mal, não toque no mal e aguente a necessidade de ter de ouvir um pouco do mal. ”

O que me deixou bastante triste e frustrada com o livro foi a falta de informação sobre o que realmente aconteceu com Florence e seu irmão depois que fugiram da mansão do seu tio. Termina o segundo livro e fica essa lacuna sem preenchimento e o final que pareceu incompleto quando descobrimos tudo sobre Stepherd e Florence. No demais, a linguagem é suave e traz muito suspense e terror aos corajosos leitores de A menina que nãos sabia ler 2.



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