[#12MESESDEPOE] Abril e Maio

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Olá amores, eu acabei esquecendo de ler o conto de abril e fiz uma leitura dupla nesse mês. Li Morela e Revelação Mesmeriana de uma vez e digo que fiquei bem assustada com essa última.



Morela

Morela é um conto que nos introduz sobre várias teses sobre a Racionalidade Humana em virtude de nossa roupagem social.

Poe conta através da vida de um homem de aparente mente caótica e apocalíptica que nunca conseguiremos nos desfazer de nossa essência desconhecida que se chama Identidade.

Esse homem se liga de forma sobrenatural à uma mulher chamada de Morela. Ela por sua vez é uma mulher de poucas palavras, dona de uma olhar frio e penetrante, ligada as filosofias antigas e que são pautadas em teorias sobre Identidade de Schelling e Locke.

Nosso narrador afirma que nunca sentiu nada além de uma ligação misteriosa com essa mulher macabra e que emana crueldade e perversidade em suas palavras e trajetos.

Em seu leito de morte, Morela amaldiçoa seu marido dizendo que a criança que viverá e sairá de seu ventre trará admiração e amor à ele, mas acabará com seus dias de felicidade e alegria.

Misteriosamente quando a mulher morre, uma criança sai dentro dela e torna-se objeto de amor e afeto para o recém viúvo e como a maldição não era brincadeira, a criança cresce de forma assustadora. Em pouco tempo já é uma mocinha com inteligência e modos de sua mãe. A jovem parece a reencarnação da maldade da mãe.

O final do conto é arrepiante e prova que a perversidade (Leia aqui O Demônio da Perversidade) é algo natural e indivisível da essência humana e assim se apoderando do nosso desejo( nascido no seio da sociedade) pelo poder.


Revelação Mesmeriana 

Temos aqui um conto bem esdrúxulo e único.

Poe nos coloca em uma história bem filosófica e metafísica.

O enredo começa com o narrador visitando um home à beira da morte e que diz que quer ser usado para a prática da doutrina do Mesmerismo do alemão Frederico Antônio Mesmer.

A técnica consiste em utilizar o "magnetismo" natural (do nosso corpo) para levar a pessoa a uma espécie de transe transcendental. O Sr.Vankirk(o enfermo) começou a dialogar com o médico e confessar verdades além do entendimento humano.

Um diálogo científico começa a se desenrolar aos leitores e pode causar uma estranheza de cunho profundo, porque as palavras são de uma sofisticação extrema e muitos termos são de natureza acadêmica e filosófica.

O tema da conversa surreal é sobre o ser humano. Nosso narrador estar bem interessado na constituição de nossa matéria.

O enfermo afirma que o homem sem o corpo físico é apenas matéria divina e a ausência do nosso corpo é apenas a existência de massa divina, ou seja, sem corpo somos apenas o "Divino".

Para quem se sentir confuso com o conto, é simples a temática: A discussão se embasa na importância de algumas Ciências. É só compreender o contexto histórico que Poe escreveu esse conto. Naquela época o estudo das Exatas era de extrema e estreita importância, porque para muitos cientistas são a matéria(palpável) pode ser objeto de estudo e digno de estudos. As Ciências Sociais e Humanas seriam apenas desperdício de tempo, porque trabalham com aquilo que é "invisível" e intangível para os humanos.

Todo o diálogo deixa claro o posicionamento religioso e científico do autor que destila como "veneno" sua afeição pelo que é coerente, físico e de extrema importância para as ciências exatas e assim renegando a existência das Sociais e Humanas que nasceram quando a Humanidade constitui a teia social e emocional que rege nossa vida cotidiana.

Fico feliz porque os estudos sociais e humanos predominam os investimentos de muitos países, mas são assombrados pelo investimento absurdo nas Tecnologias que rendem mais dinheiro e assim renegando a mera Metafísica e Discurso Retórico e Insignificante os trabalhos de cunho social.


E venham mais contos primorosos de Poe.
Beijos do Corvo!




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