[Resenha] A Mensageira da Morte - Vivianne Sophie

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Título: A Mensageira da Morte
Autora: Vivianne Sophie
Editora: Multifoco
Ano: 2017
N° de Páginas: 310


Sinopse:
Alana Price nunca imaginou que sua vida se tornaria tão complicada. Uma cidade encoberta de brumas, assassinatos esporádicos que estão sempre próximos a ela. E uma voz sussurrando em seu ouvido, incitando-a desejar. Quando uma maldição recaí em sua vida, só há uma saída para fugir dela: A morte.
Percorrendo vários lugares do Egito, Alana enfrentará muitos desafios, tumbas egípcias, templos de areias e várias noites do deserto, é só o começo da sua jornada por redenção. 
A Mensageira da Morte é o primeiro livro de estreia da autora e traz uma gama de mistérios, intricados a magia e profecias antigas. Tudo isso ambientado no cenário atual e escrito com muito entusiasmo pela autora.

 “ – Nem toda luz é capaz de conter a escuridão que reside em nós.”

A Mensageira da Morte é uma mistura de aventura, mitologia egípcia e uma pintada de ocultismo e misticismo dos grandes mestres Poe e Lovecraft.


Alana Price é uma jovem de 16 anos que sofre com a ausência de seus pais que vivem viajando para diversos países no intuito dos aprofundamentos de suas pesquisas arqueólogas, mas como a menina não compreende a profissão deles entende que os mesmos preferem o trabalho a família.

Numa das suas passagens pelas casas de seus tios em Londres – Nanná e Cal – com seu irmão caçula, Julian e recebem a informação de que seus pais faleceram numa de suas expedições para o Oriente. A dor devasta o coração da jovem que se perde em culpa e ressentimento, porque se queixava da ausência dos pais, porém nunca desejaria a morte dos mesmos, porque os amava incondicionalmente.

No testamento, Alana ficaria aos cuidados de sua avó Amélia na cidade de Winscoin e Julian ficaria com seus tios em Londres. A herança seria dada mensalmente apenas para as necessidades básicas e a retirada total depois da maior idade de ambos. Alana fica frustrada por ter que se separar de seu irmão, mas ao chegar ao seu novo lar, começa uma batalha para se mantiver sã e equilibrada diante tantas perdas e encontra dentro de si algo que primeiramente parecia um bem, todavia na realidade era uma sentença de morte e destruição.

Passa um tempo e a jovem retorna à escola e tem sempre o consolo e amor de sua avó que tenta constantemente lhe dar ânimo e conselhos de vestimentas (é bem engraçado rs). No âmbito escolar ela não é bem recebida por Missie e suas amigas, porque a garota é a popular da escola – como em Garotas Malvadas – e viverá dias de perseguição e exaustão emocional com as investidas de Misse e principalmente quando se tornar amiga do filho da prefeita, James Ward.


No meio dessa loucura que é o ensino médio e os ataques diários de pessoas que parecem adorar perturbar a paciência de Alana, aparece uma jovem ruiva e sorridente, Janet. A jovem Price juntar-se aos “Excluídos” e começa a ter dias mais agradáveis na companhia de pessoas que parecem mais com seus gostos e compreendem seu jeito retraído depois de seu passado.

Alana tenta entrar nas aulas de natação da escola, mas é advertida que seria uma escolha perigosa e dolorosa. Desanimada e perturbada por uma voz que a incomoda sempre, a menina é colocada face a face com a morte quando Missie a algema na pisciana da escola. Sorte que James a resgata. Dias depois Missie é encontrada morta de forma estranha e cruel. Esse seria o começo de uma série de assassinatos esquisitos e sinais de algo fora do comum estava acontecendo naquela cidade.

Mortes começam a colocar Winscoin em alerta e a prefeita da cidade coloca um toque de recolher. Somente quando Logan, novo diretor da escola local chega com sua família é que Alana Prince compreende a dimensão do caos e destruição, na qual está envolvida e que pessoas próximas delas não eram quem ela pensava.

Numa busca por libertação e salvação de uma maldição digna de filmes como A Múmia, Alana adentra numa aventura sem possibilidade real de volta, porém que sua realização seria uma construção de um futuro sem a presença de uma entidade poderosa e demoníaca reinando aos quatro cantos da Terra.

Surpreendente e cativante. Vivi capta a atenção dos leitores nas primeiras páginas quando envolve uma mitologia tão misteriosa e atraente, quanto à egípcia. Ela agrega diversos conceitos da Arqueologia com uma mistura inusitada com elementos da contemporaneidade. Frases e rituais lembram muito contos de H.P. Lovecraft e a escrita macabra e simbolista do grande Edgar Allan Poe.

“Eu havia retratado a morte, mas aquilo se aparentava mais a vida do que com qualquer coisa, pois estávamos sempre em espera, colocando nossos corações, nossas vidas na balança e esperando nos redimir de nossos erros.”

Alana é uma jovem protagonista que desperta sentimentos conflitantes no leitor, porque ela age de forma não linear diante os acontecimentos. Num momento ela é equilibrada e ouve os conselhos alheios; páginas depois ela está jogada na “cova dos leões”, porque agiu de forma impulsiva. Ela é forte e decidida, mas tem fraquezas que ainda não consegue ocultar. Há momentos que ela se assemelha a Katniss de Jogos Vorazes que deixava suas emoções controlarem seus passos, entretanto com a experiência captou a importância da reflexão.



James Ward é um personagem que engana todo mundo. Um rapaz rico, bondoso e charmoso. Um rapaz que deixaria qualquer jovem rendida com sua beleza e encantamento, mas não se engane, porque todo James tem um pouco do grande arquinimigo de Sherlock, James Moriaty.

“Seus olhos me encaram até fazer a curva e solto a respiração em lufadas no ar frio da tarde.”

A avó Amélia é uma mulher de muitos mistérios e emoções ensaiadas. Ela demonstra fraqueza em muitos momentos, mas é apenas a exigência do momento. Não é perigosa e não sabemos ao certo sua posição diante a verdade sobre sua neta, porém não existe nada que prove sua bondade aparente. Lembre-se da Carol da série The Walking Dead e saberá do que falo.

“A traição é uma das piores dores, pois sempre é realizada por aqueles que nós amamos aqueles que realmente conseguem tocar nossos corações.”

Julian é um garoto que amadureceu antes do necessário. É mais racional que sua irmã e tem uma ligação forte com a maldição que envolve essa série. Ele pode ser uma chave para o próximo livro e espero mais aparições do jovem na trama.

Logan é um homem sério, compenetrado e peça principal nesse quebra-cabeça que é essa história. Ele e Alana se envolvem em algo que ultrapassa a linha da amizade, mas que de forma alguma tira o foco da aventura que é esse enredo. O possível romance entre eles é apenas complemento e não centro da trama.

A leitura é fluída e convidativa. Os personagens conseguem exercer suas funções de forma eficiente. Aqui não tem aqueles personagens-acessórios que estão lá só para completar elenco. Há uma necessidade real deles nos acontecimentos e quando as peças se movem você se ver num labirinto de fatos e informações que não parecem levar a solução alguma, mas vistos do ângulo certo abrem a porta que leva ao centro desse mistério.

A capa é maravilhosa e quando vi a mesma, me apaixonei perdidamente, porque a essência da personagem principal está retratada de forma fiel. As folhas são brancas e a fonte é muito agradável e adorei a epigrafe da música Seven Devils da Florence and the Machine.

A Mensageira da Morte é a primeira peça de um quebra-cabeça que exige do leitor uma disposição frenética para adentrar os segredos que vagueiam o imaginativo humano e fundamentam a mitologia egípcia, além de convidar as pessoas a perguntarem a si mesmas: Será que eu conseguiria me sair melhor que a Alana diante esse panorama da realidade?

“Eu não acreditava nas forças sobrenaturais há um mês, mas agora tinha certeza que havia algo maior regendo nosso universo, havia uma energia no ar que tinha vida própria e nós éramos apenas parte do cenário.”



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