[Resenha] A Traidora do Trono #2 - Alwyn Hamilton

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Título: A Traidora do Trono #2
Autora: Alwyn Hamilton
Editora: Seguinte
Ano: 2017
N° de páginas: 439 

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Sinopse:

Amani Al’Hiza mal pôde acreditar quando finalmente conseguiu fugir de sua cidade natal, montada num cavalo mágico junto com Jin, um forasteiro misterioso. Depois de pouco tempo, porém, sua maior preocupação deixou de ser a própria liberdade- a garota descobriu ter muito mais poder do que imaginava e acabou se juntando à rebelião, que quer livrar o país inteiro do domínio do sultão. Em meio às perigosas batalhas ao lado dos rebeldes, Amani é traída quando menos espera e se vê prisioneira no palácio. Enquanto pensa em um jeito de escapar, ela começa a espionar o sultão. Mas quanto mais tempo passa ali, mais Amani questiona se o governante de fato é o vilão que todos acreditam.

Esse volume tem spoiler do livro #1 – Resenha da Rebelde do Deserto || Aqui ||

 
A Traidora do Trono é a continuação de uma série que percorre os desertos da imaginação sem quebrar paradigmas e criticar ferozmente a tirania e a usurpação de poder pela sociedade

Amani não é mais aquela garota do deserto. Não é a menina órfã e mal vista da Vila da Poeira. Não corresponde mais àquele destino de escravidão e submissão aos homens do local onde nunca se sentiu como um lar. Agora é uma lenda. Ela é mais forte. Não somente isso. É uma rebelde. É uma demdji – híbrida -. Ela é uma guerreira. Ela é a Bandida dos Olhos Azuis.
“Eu não era bonita. Não estava ali por esse motivo. Estava ali porque era poderosa.”
Passou-se um ano desde que nossa protagonista – falei que essa resenha é só spoiler, teimosos, né?!pulem para a parte que falo do contexto – juntou-se ao Acampamento Rebelde e as causas nobres do príncipe rebelde Ahmed e seu irmão Jin que a tirou da Vila Poeira em cima de um baruq. Eles estão concentrados numa das montanhas de Dev e felizes com a última vitória em Fahali.
“Se puder ficar fora do campo de visão do seu inimigo, ele sempre vai imaginar que você tem mais força do que realmente tem.”
Ahmed e sua chefe de guerra Shazad estudam estratégias de como chegar a capital Izman para a real queda do sultão. Eles sabem que há territórios que ainda estão sob total controle da tirania e não vão se aliar a uma promessa. Há também lugares que já se rebelaram e estão cuidando de seu próprio destino e aguardando a ascensão do Príncipe Rebelde ao trono.
O que eles não esperavam é que em todo lugar reside um traidor e no meio do acampamento rebelde não seria diferente.

Todos estavam festejando um casamento lindo da dejmi Imin com seu companheiro e a situação entre Amani e seu “namorado” Jin não estava indo bem, mas o sofrimento de uma dejmdi era mais importante, porque a mesma estava ferida devido uma missão. Enquanto tentam a todo custo tornar o sofrimento dela mais tolerável, um ataque acontece e o caos se instala.

O acampamento sofre com diversas perdas, todavia na guerra sempre há perdas inocentes. Os sobreviventes saem tentando se refugiar no deserto. Amani e Jin vão com uma parte dos rebeldes, porém no meio deles está o traidor.
“Pessoas morrem. Esse é o custo da guerra.”
Nossa Bandida dos Olhos Azuis é capturada. Não sabe quem é até acordar amarrada e machucada no palácio do sultão. Ela olha seu traidor. Ela foi ingênua demais. Infantil ao extremo em acreditar nas pessoas que mal conhecia. Agora estava nas mãos de um “monstro” e podendo ser usada como uma arma, já que era uma demdji que controlava as areias do deserto.

É nas mãos do sultão e nos confins do harém do sultim – filho primogênito do sultão – que ela se verá novamente em frente com fantasmas que estavam adormecidos em sua mente. Monstros que devoraram sua carne na Vila Poeira aparecem com o sorriso mais assustador diante de seus olhos. O momento de pagar por seus pecados chegou e Amani se vê sozinha diante seu passado e suas penitências.

Será o fim da lendária Bandida dos Olhos Azuis? Será que os rebeldes foram massacrados para sempre? Será que a força opressora é completamente invencível? Quem será o traidor? Será que podemos fugir do passado? Será que o Mal pode vencer por omissão do Bem ou porque é mais forte?
“Ela não fora a primeira e, a menos que conseguíssemos matar o sultão no dia seguinte e Ahmed assumisse o trono, não seria a última. Esse é o custo da guerra [...]”
O volume mais extenso dessa trilogia e que deixa os leitores com emoções conflitantes e gritando para que as coisas comecem a mudar, porque o cenário é desolador e pouco visível de se reversível.


Amani está mais madura, porém não do modo que precisa e por isso sua “estadia” no palácio de Izman acaba sendo bem produtivo, porque ela está sem ajuda de ninguém. Não tem Ahmed para decidir. Jin para salvar sua pele das suas impulsividades e Shazad para perceber as armadilhas.

Todos sabemos que o protagonista raramente é o personagem mais desenvolvido, porque é a jornada dele que vamos acompanhar. Em Harry Potter temos um bruxo que não sabem nem como foi parar ali e tem ao seu lado Ron que é um amor e sensível que acaba ajudando-o das enrascadas com seu medo que sempre indica que algo vai dar errado e tem Hermione que dos três e que é inteligente e altamente estratégica e não precisa evoluir tanto. Porém sempre há escolhas e caminhos que apenas o principal deve fazer individualmente e aqui está a Bandida dos Olhos Azuis. Sua prova de passar do deserto( sim fiz uma piada hahaha).
“[...]Acredito que se a rebelião algum dia for bem sucedida ou conseguir ganhar espaço suficiente para lançar dúvida sobre meu governo, seremos despedaçados.”
Neste volume não sabemos sobre o acampamento rebelde. Ahmed, Shazad e Jin, então Amani está completamente sozinha e vulnerável as investidas do sultão que é cruel e esperto. Ela aprende que deve ponderar com precisão e decidir longe de suas emoções, entretanto sem levar em conta sua intuição e lembrar que para todos ela era apenas uma arma em potencial e que o seu atual “dono” não está se importando com seu bem estar, por causa que gostava dela e sim por sua utilidade.

Quando estamos sozinhos temos que arranjar aliados. Não falo amigos, porque não se faz companheiros em um dia. Só a jornada árdua com altos e baixos pode lapidar uma amizade sincera e nossa protagonista não dispunha disso, porque precisava fugir, todavia também necessitava saber dos planos do seu inimigo e sua posição favorecia essa coleta de informações.

Não ache que quase quinhentas páginas deixam o leitor entediado, porque a autora sabe dosar tudo com autoridade. Ela consegue apresentar a evolução da Amani sem demonstrar que existe algo por trás e que nós devemos ser perspicazes e detalhistas com tudo que é apresentado na luz e que muitas vezes só a intuição – ou instinto – é suficiente para nos alertar de perigo.
Um destaque nesse segundo volume é a dualidade que sentimos com relação ao sultão. No primeiro volume ele era apenas um tirano. Aqui conhecemos seus motivos e personalidade e nasce uma dúvida em nosso íntimo. Será que ele é realmente um monstro? Será que Ahmed não poderia está manipulando as pessoas? Será que o sultão fala a verdade ou também está jogando?
“A diferença era que Jin nunca havia me pedido para fazer isso. Ele tinha pegado minha mão e me mostrado o mundo.”
As críticas sociais permanecem e recaem praticamente em todos pontos: Manipulação da opinião pública e a submissão das mulheres diante uma cultura machista e um governo opressor. O primeiro ponto cai na relação do sultão com Miraji e suas conversas com Amani que confundem nossas mentes; o segundo ponto é visto no harém. As mulheres se matam – literalmente falando – para terem a atenção do sultão e da sultima para sobreviver e não por se acharem melhores. Será diferente da rivalidade desenfreada entre mulheres em nossa sociedade? Brigamos por atenção masculina? Por cobiça? Ego feminino? Ou para sobreviver? E por que não se unir se somente nós sabemos o que sofremos como mulheres?

A capa continua com aquela beleza que admiro desde o primeiro volume e se estende ao vermelho rubro do último volume. A diagramação é o padrão da série se sem erros gramaticais. A narração é em terceira pessoa.
“É um deserto severo. É preciso um homem severo para governá-lo.”
O segundo volume da série vem com mais força social e mostra a jornada – como Frodo em O Senhor dos Anéis – de uma jovem que agora luta por uma causa maior e que não pode morrer antes de libertar seu povo.

Nota para a obra:




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