[Resenha]As Sobreviventes - Riley Sager

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Título: As Sobreviventes
Autora: Riley Sager
Editora: Gutenberg
Ano: 2017
N° de Páginas: 336
Onde comprar: Amazon

Sinopse:
Há dez anos, a estudante universitária Quincy Carpenter viajou com seus melhores amigos e retornou sozinha, foi a única sobrevivente de um crime terrível. Num piscar de olhos, ela se viu pertencendo a um grupo do qual ninguém quer fazer parte: um grupo de garotas sobreviventes com histórias similares. Lisa, que perdeu nove amigas esfaqueadas na universidade; Sam, que enfrentou um assassino no hotel onde trabalhava; e agora Quincy, que correu sangrando pelos bosques para escapar do homem a quem ela se refere apenas como Ele. As três jovens se esforçam para afastar seus pesadelos, e, com isso, permanecem longe uma da outra; apesar das tentativas da mídia, elas nunca se encontraram.

Um bloqueio na memória de Quincy não permite que ela se lembre dos acontecimentos daquela noite, e por causa disso a jovem seguiu em frente: é uma blogueira culinária de sucesso, tem um namorado amoroso e mantém uma forte amizade com Coop, o policial que salvou sua vida naquela noite. Até que um dia, Lisa, a primeira sobrevivente, é encontrada morta na banheira de sua casa com os pulsos cortados; e Sam, a outra garota, surge na porta de Quincy determinada a fazê-la reviver o passado, o que provocará consequências cada vez mais assustadoras. O que Sam realmente procura na história de vida de Quincy?

Quando novos detalhes sobre a morte de Lisa vem à tona, Quincy percebe que precisa se lembrar do que aconteceu naquela noite traumática se quiser as respostas para as verdades e mentiras de Sam, esquivar-se da polícia e dos repórteres insaciáveis. Mas recuperar a memória pode revelar muito mais do que ela gostaria.
As Sobreviventes é tudo que uma obra de suspense tem que evitar: Previsibilidade e excesso de presente e passado mesclado com incoerência nas atitudes dos personagens.
Quincy Carpenter é uma jovem de apenas dezenove anos. É tímida e completamente certinha. Entrara na faculdade e desejava que tivesse mais agito e permissividade que antes. Acabou se tornando amiga - não sei se poderia ser chamar assim - de Jannelle que é impulsiva e exala sensualidade e tem uma tendência compulsória a diversão e bebedeira. A dupla é perfeita: a boazinha e a maldade em pessoa.
"Foi o momento em que eu me dei conta de que coisas ruins podem acontecer, de que o mal existia no mundo."p.19
Jannelle está prestes a completar seus dezenove anos e ganha dos pais um final de semana inteiro sem supervisão de adultos e assim ela e seus outros cinco amigos vão parar no assombroso Chalé Pine.

Eles chegam tranquilamente e começam a planejar a festa que ocorrerá para comemorar o aniversário de Jannelle. Tudo indo bem até que aparece um figura estranha: Um homem alto e extremamente magro que diz está perdido e que é convidado pela aniversariante para ficar até amanhecer. O que não esperavam é que o amanhecer não chegaria para todos eles.

Dez anos após o massacre no Chalé Pine, nossa sobrevivente Quincy tornou-se uma confeiteira que mostra suas receitas num blog, tem uma boa casa e um noivo maravilhoso. Tudo parece ir muito bem. Mas aparências enganam, porque Quincy ainda sofre por não lembrar de diversos detalhes daquela noite. Apenas lembra que Ele foi o causador de sua desgraça.

Num dia tranquilo, ela é avisada que Lisa - uma garota que também sobreviveu a um massacre - fora encontrada morta. Tudo indica que fora suicídio. O que é incompreensível é que Lisa era feliz e ajudava muitas garotas perturbadas a encontrarem seu rumo, então por que se matar?
"Tornei -me um borrão - uma mancha de escuridão despojada de todos os meus detalhes." p.33
Se não fosse estranho suficiente, a chegada da terceira garota remanescente - que também sobreviveu a um massacre -  na porta da casa de Quincy acaba montando um cenário aterrorizante, na qual passado e presente se misturam de forma fantasmagórica e macabra.

Quincy é uma personagem irritante tanto no agora como no passado. Ela é uma mulher linda, mas sofre por ser moralista demais. Nada pode fugir de seus princípios e isso a torna insana quando sucumbe a ideias incabíveis. 

A história começa muito bem e isso me surpreendeu, porque a narrativa vai ganhando força e desenvoltura, porém o autor - ele usa pseudônimo - torna tudo maçante e arrastado por umas longas cento e cinquenta páginas, na qual vemos Quincy tomando diversas decisões incomuns para quem sempre teve seu juízo perfeito.
" - Talvez - disse ela, com a voz de aço - eu simplesmente seja mais durona do que eles foram."p.178
O enredo se concentra em três sobreviventes de três massacres distintos. Quincy no Chalé Pine e que viu todos seus amigos serem mortos. Samantha que sobrevivera a um assassino num motel e Lisa, que fora a primeira Garota Remanescente - que resistira a morte num alojamento acadêmico. Elas tem algo em comum que é o terror que passaram, porém somente isso.
Lisa é doce e forte. Ela sobrevivera à todo horror e agora decidira ajudar meninas que estão perturbadas por traumas e auxilia-las no que puder. Samantha está desaparecida. Deve querer ficar longe dos holofotes e Quincy...bem é normal.

Cada pessoa reage de forma diferente a mesma situação, mas Quincy sempre escondera seus sentimentos e terrores noturnos. Quando Lisa morre e Samantha aparece em sua porta, ela percebe que o passado viera cobrar seu preço. Ela estava vivendo uma mentira e começara a rachar com a presença forte e provocativa de Sam.

O erro desse livro é a previsibilidade de diversos fatos e atos inaceitáveis. Primeiro: Como a mídia tem tanto interesse em três simples sobreviventes de massacres? Por que Quincy não lembra de tudo que aconteceu no dia de seu terror? Por que ela sofrera só com cortes leves e não perigosos? Por que Samantha aparecera depois de dez anos justamente após a morte de uma das Garotas Remanescentes?

O excesso de detalhes dar ideia de falta de "peneira" no que dar ao leitor. Quem ler suspense frequentemente não achará eletrizante essa obra, porque ele acerta no início e fracassa na continuidade, já que nossa personagem principal é dada como fraca e age sem precedentes favoráveis ao seu comportamento inicial e levanto suspeitas infundadas sobre ela.
O plot twist é bom apenas sob uma perspectiva: leitores que não tenham experiência nesse gênero, porque a revelação da identidade do assassino é fraca e intragável. Você não pode dar uma ausência de memória para uma personagem para no final nem ela acreditar na verdade.
"A faca rasga minha barriga. Ele me enche. Um estupro com aço afiado. Respiro cuidadosamente por entre os dentes cerrados e, quando a faca é retirada, desabo no chão." p.315
Não tem como negar que o autor escreve bem, porém falha em pontos cruciais do gênero, como, continuidade qualitativa com ênfase em detalhes triviais, caracterização forte de determinados suspeitos e eliminação de comportamentos controversos que não são associativos e nem relevantes ao contexto.

A capa lembra uma obra juvenil e acerta nesse ponto, porque é indicado para iniciantes no suspense. Fonte grande e agradável aliado as folhas amareladas. A narrativa é uma mescla de primeira pessoa - Quincy - e terceira pessoa quando falam dos acontecimentos dos massacres.

As Sobreviventes é tudo menos "o melhor thriller de 2017". Desculpa Stephen King, mas tenho certeza que você foi pago para falar isso. Uma obra para ler sem pretensões e expectativas.

Nota para a obra:






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