[Resenha] Roseanna #1 - Maj Sjowall e Per Wahloo

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Título: Rosenna # | Série Martin Beck
Autor: Maj Sjowall e Per Wahloo
Editora: Record 
Ano: 2014
N° de Páginas: 256
Onde Comprar: Amazon

Sinopse:
O corpo de uma mulher de origem desconhecida é encontrado durante a dragagem de um lago na Suécia. Sem qualquer pista de quem poderia ter cometido o crime, o inspetor Martin Beck mobiliza sua equipe em uma busca internacional por um assassino sem nome e sem rosto. Passados três meses, tudo o que sabe é que a jovem se chama Roseanna e pode ter sido assassinada por uma das 85 pessoas que estavam em um cruzeiro pelo Canal de Göta. Ao longo de meses de investigação, a lista de suspeitos, antes inexistente, ganha alguns nomes, até a polícia se deparar com um assassino cruel, que possui uma noção peculiar e doentia do que é certo e errado.
Roseanna é o clássico escandinavo que tornou-se o percursor do gênero não somente em sua região, mas norteou toda uma geração de autores do mundo todo ao redor do romance policial.

Em uma tarde qualquer de julho, os trabalhadores da barragem do belo lago Boren, na Suécia, inicia o trabalho rotineiro de drenagem do local, mas aquele dia não estava marcado para ser mais momento comum. Ao escoarem água, um corpo é encontrado. Uma mulher nua, branca e virada de costas para eles. A polícia é chamada imediatamente. Aparentemente ela estar morta há pelo menos dois dias. Nada se sabe sobre ela.

O detetive Martin Beck da capital do país é chamado para auxiliar a pequena equipe da cidade pacata. A vítima é uma pessoa sem identidade. Não há roupas próximas e nenhum documento que a identifique. São meados dos anos 1960 e o sistema de digitais ainda está sendo implementado. A frustração da equipe é evidente. A irritação e obstinação de Beck também são.

Três longos meses se passam e uma "luz no fim do túnel" surge ao caso. Martin é informado que a identidade da mulher fora revelada. Se tratava da jovem bibliotecária Roseanna McGraw. Ela morava em Nebraska, EUA e estava viajando à passeio pela Europa. Sua morte possivelmente estava atrelada a ação de algum maníaco.
Beck e seus companheiros Kollberg, Ahlberg e Melander tem que correr contra o tempo. Tem que refazer a viagem da jovem à Suécia e principalmente, interrogar cada passageiro e averiguar cada foto tirada. É um trabalho hercúleo, mas a sensação que estão próximos do criminoso é sufocante e carregada de adrenalina.

Martin Beck é o personagem referência da forma de detetive/policial ou inspetor que vemos no romance policial. Ele carrega uma realidade verossímil em sua vida e comportamento. É satisfeito com seu trabalho, mas luta pela justiça que é ausente naquela época em seu país. Seu relacionamento com esposa é algo que está fardado ao fracasso - temos mais nove livros para saber disso rs - e sua relação com os filhos é quase existencial. Sua dedicação ao trabalho é exemplar, todavia tudo relacionado à sua família, é um completo desastre e descaso.

Os outros companheiros de equipe de Beck também são bem semelhantes a ele, porém os demais são mais próximos de suas famílias e respeitam a necessidade de descanso entre seus trabalhos. A família de Beck é apenas vista pela esposa que passa 99% do livro reclamando da ausência do marido.
Nossa vítima tinha uma vida bem fora do comum. Ela gostava de isolamento social, preferia andar nua em sua casa, andava com roupas desproporcionais ao seu corpo, não se relacionava por sentimentos, mas por pura atração e com diversos parceiros tinha relação sexual e isso acabou levantando suspeitas que ela fora morta em alguma dessas relações. O que é interessante na narração sobre Roseanna é que ela é tratada com humanidade e respeito. Ela não era promíscua e sim fiel às suas necessidades. Durante todos os depoimentos percebemos que somos influenciados por nosso senso de moral e isso irrita Beck.

O desfecho da obra é fascinante e eletrizante. Quase tive uma sincope quando a verdade foi revelada, porque uma situação turbulenta teve que ser montada para prender o culpado e isso ocasionou momentos de tensão dignos de uma obra clássica como essa.

Esse é o primeiro volume de uma longa série de dez volumes que pretendo ler e torço para a Record continuar. A edição traz uma capa PERFEITA para o enredo e as folhas típicas usadas nos livros de capa dura no século XIX e XX e isso dar um toque especial ao volume.

Para quem não conhece ainda as obras escandinavas, scandi-crime, essa é uma indicação assim como autores como Jo Nesbo e Stieg Larsson.

Roseanna nos lembra da influência grandiosa da literatura escandinava no gênero policial e nos leva a um enredo carregado de detalhes, tensão e desfechos impossíveis de serem esquecidos.


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