[Review] IT Ends: Chapter Two

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Título Original: IT Ends: Chapter Two
Título em Português: IT: A Coisa 2
Gênero: Terror/Suspense
Duração: 170 minutos
Data de Lançamento: 05/09/19
Direção: Andy Muschietti
Elenco Principal:
Bill Skarsgård, James McAvoy, Jessica Chastain, Bill Hader, Isaiah Mustafa, Jay Ryan, James Ransone e Andy Bean

Sinopse:
27 anos depois dos eventos de "It - A Coisa", Mike (Isaiah Mustafa) percebe que o palhaço Pennywise (Bill Skarsgard) está de volta à cidade de Derry. Ele convoca os antigos amigos do Clube dos Otários para honrar a promessa de infância e acabar com o inimigo de uma vez por todas. Mas quando Bill (James McAvoy), Beverly (Jessica Chastain), Ritchie (Bill Hader), Ben (Jay Ryan) e Eddie (James Ransone) retornam às suas origens, eles precisam se confrontar a traumas nunca resolvidos de suas infâncias, e que repercutem até hoje na vida adulta. 
It 2 traz um roteiro carregado de tramas e subtramas que deixam a produção com uma colcha de retalhos que ora peca pelo excesso e ora traz uma qualidade surpreendente ao desfecho do palhaço Pennywise.
Vinte e sete anos se passaram desde o confronto do Clube dos Otários contra a entidade chamada Pennywise na cidade natal de Derry. O grupo se desfez e assim a antiga amizade entre os integrantes se desfragmentou como a presença do palhaço demoníaco daquele local.

Um casal gay estava namorando tranquilamente num parque de diversões na pacata e esquecível cidade de Derry, mas são constantemente perseguido por um grupo de idiotas e homofóbicos. Ao saírem do local são surpreendidos pelo mesmo grupo e tornam-se alvo de sucessivas agressões físicas. Um deles é jogado da ponte no rio da cidade. Seu namorado vai atrás para saber onde ele conseguiu chegar nadando, entretanto o que os dois não esperavam é a aparição de Pennywise na beira do rio e se alimentado do jovem espancado.
Mike é chamado ao local para averiguação do ocorrido e trata tudo com normalidade até olhar um pecado na pilastra da ponte que é direcionada para o Clube dos Otários. Pennywise estar de volta e quer vingança contra eles.

Ele decide chamar Bill, Beverly, Richie, Ben, Eddie e Stanley de volta a Derry para acabarem de uma vez por todas com o palhaço, mas tudo isso teria um custo que poderia exigir sacrifícios e muito sangue de inocentes derramado.

No capítulo final desse enredo tão aguardado pelos fãs de Stephen King e dos que gostaram do primeiro filme, temos um emaranhado de histórias e sub histórias que vão desde o Clube dos Otários até do próprio Pennywise e passando por personagens até então ignorados por nós.
Na primeira parte desse filme temos o retorno para lá de sombrio do Pennywise que está faminto literalmente e emocionalmente falando. Seu ataque inicial é visceral e sem qualquer resquício de seus ataques há vinte e sete anos atrás. Sua maior sede é de vingança. Seu desejo é a morte de cada um dos integrantes do Clube dos Otários. Aqui temos uma tensão absurda e o perigo é iminente. Mike que foi o único dos otários que ficou na cidade começa então uma série de ligações para convocar os demais para acabar com o palhaço.

A primeira falha do roteiro começa bem aqui. Mike é um personagem extremamente inteligente, sagaz e bem intuitivo que ficou em Derry esperando por Pennywise para acabar com o mesmo. O personagem torna-se uma muleta na trama. Um personagem com um potencial extremo devia ser o elo do filme, porém suas aparições são esporádicas e suas ideias acabam mostradas aos telespectadores como lunáticas e isso fica mais claro quando uma revelação é feita nos momentos finais da produção.
As sucessivas tomadas de flashback entre presente e futuro se perdem para as pessoas que acompanham IT desde o primeiro filme, porque trazem apenas nostalgia e não explicação para acontecimentos e principalmente para entendemos a vida do Clube dos Otários e digo com todas as letras que o começo desse filme serviu meramente para bajular Stephen King com referências as outras obras e seu péssimo hábito de dar finais rasos para seus livros. Algo desnecessário, já que Cinema e Literatura são artes diferentes e exaltação demais causa inchaço de ego.

A integração do elenco adulta é conflituosa demais e a ausência de explicações plausíveis para um distanciamento enorme entre eles é estranha.Algo que ameniza essa parte é que muito disso se deve ao poder de manipulação mental da entidade que causa o esquecimento para que suas possíveis vítimas não lembrem de sua presença e o Pennywise desejava demais os otários. 

Algo que incomodou demais é o triângulo amoroso desnecessário entre Beverly, Ben e Bill. Não há qualquer argumento para um amor entre eles. Isso deixa um apelo romântico sem finalidade na trama e Beverly é uma personagem destaque nesse filme para se resumir apenas a um relacionamento afetivo.
A produção não é feita somente de falhas. A atuação do elenco adulto é extraordinária e suas expressões faciais salvam cenas de um insucesso esperado. A escolha dos atores para a fase adulta é esplêndida porque conseguimos reconhecer qualquer um dos mesmos sem recorrer aos diálogos e além do uso das câmaras ser fora do comum, efeitos especiais de qualidade e cena com trilha sonora bem construída para cada sequência.

A tensão que o terror necessita esteve presente constantemente no filme e isso deixa o telespectador atento ao enredo. O destaque é Bill Skarsgård que dar vida ao palhaço. Quando entra em cena, ele nos presenteia com cenas de tirar o fôlego. O terror parece nascer em nosso sangue e nos sufocar com seus olhos tenebrosos e sem vida.
Pennywise perde aqui sua áurea sobrenatural e torna-se tão vulnerável quanto um ser humano, mas seus ataques cruéis e carregados de mentiras sensíveis nos deixam diante uma entidade poderosa e capaz de tudo para se alimentar.

A produção teve seus excessos que já foram citados no início dessa análise e isso se deve ao avanço no tempo e na escolha de perspectiva do diretor argentino e do próprio King e isso causou um filme mais comercial do que artístico, entretanto as metáforas que o Mestre do Terror tanto usa em seus livros está presente na vulnerabilidade inesperada da Coisa, nos traumas do Clube dos Otários, da relação amorosa e fraternal entre os otários, o que realmente nos define e o que pode ser nossa prisão mental.
Se você for um fã dos livros do King não espere por uma reprodução do livro, mas por uma releitura recheada de figuras de linguagem e uma mistura perigosa entre cômico e terror.

It 2 nos dar a sensação que o simples sempre é o melhor e que os excessos são meramente supérfluos. 


Sabe por que Pennywise retorna a cada 27 anos? Não? Veja a teoria de Peter no canal Ei Nerd




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