Deitada estou na cama.
Perdida em mim. Inconsciente do presente. Transportada para um universo
paralelo.
Navegando entre os
mortais. O pensamento e a reflexão têm o poder de imortalizar os seres humanos.
Estou entre o que Foi e o
que Há de acontecer. Uma batalha entre o passado e o futuro.
Quantas vezes acordei com
o sorriso da Esperança na minha cama e retornei ao fim do dia com a lágrima de
uma criança após uma bronca maternal?
Inúmeras vezes
levantei-me com a coragem de Dom Quixote e deitei-me com a tristeza das ninfas
vendo as árvores sendo cortadas na Amazônia.
Muitas vezes acordei com
a preguiça que Orfeu e deitei-me com a alegria de Apolo.
Deitada estou numa guerra
sem fim. Deuses se enfrentam em um campo minado.
Atenas e Áries se
desgradeiam em minha mente. A Sabedoria e a Impulsividade travam uma batalha
para conquista de território.
O ontem e o amanhã querem
um espaço. Necessitam de atenção.
Uma tempestade anuncia
sua chegada com uma chuva torrencial e trovões onipotentes.
Sou transportada a
realidade. Vejo o lençol branco em cima de mim e desejo a Paz.
Sou refém dentro de mim
mesma.
Dominada pelos parasitas
que se alimentam dos meus sentimentos e controlam meus pensamentos. Alimentam e
fortalecem meus sofrimentos. Prolongam meus tormentos.
Inaudível estou. Sem
forças para clamar ao Criador.
Dai-me forças para
expulsar esses indesejáveis inquilinos.
Percebo que são parte de
mim. O atrito deles são frutos do
meu ser.
Ambivalência.
Ambiguidade. Dualidade. Distopia.
Entre o que fui e o que
quero ser, fico com o que Sou Agora.
Sem guerras. Cessa fogo.
Não quero pensar no que vai sobrar de mim depois do fim dessa guerra.
Sem derreamento de
sangue. Sem corpos estirados no chão. Sem lágrimas.
Apenas vitórias. Lições
aprendidas.
O importante é o agora.
Levanto-me da cama e
derroto meus inimigos.
A guerra se desfez.