Título:
Em
Águas Sombrias
Autora:
Paula
Hawkins
Editora:
Record
Ano:
2017
N°
de Páginas: 364
Sinopse:
Nos dias que antecederam sua morte, Nel ligou para a irmã. Jules não atendeu o telefone e simplesmente ignorou seu apelo por ajuda. Agora Nel está morta. Dizem que ela se suicidou. E Jules foi obrigada a voltar ao único lugar do qual achou que havia escapado para sempre para cuidar da filha adolescente que a irmã deixou para trás.Mas Jules está com medo. Com um medo visceral. De seu passado há muito enterrado, da velha Casa do Moinho, de saber que Nel jamais teria se jogado para a morte. E, acima de tudo, ela está com medo do rio, e do trecho que todos chamam de Poço dos Afogamentos…Com a mesma escrita frenética e a mesma noção precisa dos instintos humanos que cativaram milhões de leitores ao redor do mundo em seu explosivo livro de estreia, A garota no trem, Paula Hawkins nos presenteia com uma leitura vigorosa e que supera quaisquer expectativas, partindo das histórias que contamos sobre nosso passado e do poder que elas têm de destruir a vida que levamos no presente.
“As coisas que quero
lembrar, não consigo, e as coisas que faço de tudo para esquecer não param de
voltar à minha memória.” p.17
Em Águas Sombrias é um thriller
psicológico que tende a ser perturbador que se deleita em falar de mentes
perturbadas em uma cidade aparentemente moralista demais.
Danielle Abbott – ou
Nel – é uma jornalista de destaque, maravilhada com o famoso Poço dos Afogamentos na pequena cidade
chamada de Beckford que fica na Inglaterra – sua cidade natal – pois o
lugarzinho foi o cenário de vários suicídios – que para ela foram assassinatos
– e é mãe de uma adolescente de quinze anos chamada de Lena e que nos últimos
meses tem tentado falar com sua irmã Jules, mas não conseguira falar o que
tanto estimava dizer, já que fora encontrada morta no seu objeto de estudo.
Nel não fora a primeira
mulher a ser encontrada morta no Poço dos Afogamentos. Poucos meses antes o
suicídio – não há confirmação de ser um assassinato – da adolescente Katie
Whitaker chocou a pacata cidade inglesa, já que a jovem era linda, inteligente,
dedicada aos estudos, cheia de vida e amigos, mas provavelmente seus problemas
estavam bem guardados em sua mente. Ambas as mortes colocam em questionamento o
“clima” dessa cidade que parece ser alvo da escolha de fim de vida de muitas
mulheres como Nel, Katie, Libby e Lauren.
Jules Abbott então
retorna para a cidade que mais odiava em sua vida. A guarda da filha de sua
irmã está sob seus cuidados. Ela agora era responsável pela educação de uma
adolescente que deixava claro que a odiava devido à indiferença dela com a
tentativa de aproximação de sua mãe coma tia. Seu passado parecia cobrar seu
afastamento repentino e a trouxera para um julgamento tardio e lembranças
dolorosas.
Para todo mundo a morte
de Nel era um suicídio sem mais delongas. Ela era uma mulher promíscua e sem
amizades, pois era uma mulher tida como “louca”, já que tinha uma obsessão pelo
Poço dos Afogamentos e aparentemente não dava conta da educação da filha e
nunca contara a identidade do pai de Lena. No outro lado, a filha órfã não
acreditava na opção que a mãe tenha tirado a própria vida, mas que alguém
quisera eliminar Nel de seu caminho, porque sua mãe descobrira algo importante
relacionado as mulheres do poço.
O detetive Sean
Townsend é o oficial responsável pela investigação de ambas as mortes e não
sente-se nenhum pouco confortável com esse trabalho, pois seu passado tenebroso
também desemboca nas águas turvas do rio que parecia fascinar todas as
“mulheres encrenqueiras” e leva-las ao seu abraço mortal.
O suicídio de Katie
levou a mãe da jovem a perseguir Lena, já que sua filha tinha a mesma como
melhor amiga. Para a Sra. Whitaker a responsabilidade do declínio de sua
primogênita estava nas mãos da Srta. Abbott. Sua perda era irreparável, mas ver
a dor nos olhos da jovem com a morte de sua mãe, a deixava excitada e mais
calma. Somente seu filho Josh não adorava esse comportamento, porque ele
conhecia a verdade daquele fatídico dia da morte de sua irmã e além dele
somente Lena poderia delatar o real cenário daquele acontecimento.
Entre investigações
profundas, ocultação de informações e personagens completamente perturbados,
vemos ao longo do livro o desenrolar de um cenário hediondo e mais uma vez
puxado para a violência contra as mulheres, como em A Garota no Trem.
Será que todas essas
mortes foram realmente suicídios? E se a verdade fosse outra? E por que tantas
mulheres seriam infelizes em uma pequena cidade “perfeita”? O que Nel queria
dizer a sua irmã?
“Era como se ele
estivesse em águas profundas tentando agarrar alguma coisa, qualquer coisa,
para se salvar. Como se estivesse tentando chegar a uma boia e só alcançasse
algas, mas se agarrasse a elas mesmo assim.” p.150
Jules Abbott é uma
personagem extremamente dualística. Ela sofre com fatos de seu passado e
percebemos uma fragilidade aparente até em seu físico abatido e excessivamente
magro, mas ao mesmo tempo há uma força em tentar resgatar seu relacionamento
com sua irmã mesmo depois da morte trágica dela. A mente afetada por lembranças
desconexas a levou ao afastamento, mas a proximidade da verdade detrás de seu
passado marcado por violência é libertador e um afloramento de maturidade é
crescente no livro em relação a ela.
Lena é uma jovem
atormentada, já que perdera a melhor amiga e a mãe em menos de três meses de
intervalo e vive numa solidão constante e o peso de uma consciência que carrega
verdades que podem solucionar o mistério de ambas as mortes, mas a lealdade a
amizade com Katie a levam ao extremo da loucura e a defesa tardia da honra de
sua mãe. Ela é uma personagem que em alguns momentos despertou meu desprezo,
porque ela tem ideias egoístas e valores descabidos diante o cenário a qual
está inserida.
Nel Abbott era uma
mulher de fibra e determinação. Uma mãe apegada à filha, mas vista como
“biscate” na cidade, porque não era casada. Dona de uma carreira de sucesso e
uma beleza encantadora, ela era aficionada a história do Poço dos Afogamentos e
por isso era mal vista na localidade. Ninguém a levava a sério – tirando a
misteriosa Nickie - e quando fora
engolida pelo seu fascínio, a ideia de suicídio tornou-se fraca e inconcebível
diante várias evidências que foram sendo demonstrada na evolução do enredo.
Sean Townsend é um
homem de honra e lealdade. Filho do famoso policial Townsend, ele é admirado e
temido por todos. É gentil, mas tem um passado assombroso e verdades que ele
esconde a sete chaves e seu verdadeiro caráter só é conhecido no “calor” dos
acontecimentos.
A história é narrada
por diversos personagens e isso causa uma estranheza e confusão nas primeiras
cinquenta páginas e foi necessário uma atenção minuciosa para não confundir
personalidades e personagens, porque a narração dividida favoreceu o
encaminhamento dos suspense e a discussão das mortes e verdades ocultas.
Logo no inicio do livro já percebemos os
principais suspeitos e um deles se mostra mais tendencioso a cometer
atrocidades e isso foi uma boa jogada da autora, porque para quem não é
habituado ao gênero tende a errar o julgamento, mas para quem é “mestre” nesse
jogo de evidências e passados estranhos acaba percebendo que há mais coisas a
serem conhecidas antes da verdade vim à tona.
Gostei bastante do
amadurecimento da escrita da autora, porque no livro anterior ela pecou demais
na montagem dos acontecimentos e acabou naquela porcentagem que a adaptação
cinematográfica ficar bem melhor do que o livro. Ela abriu mais uma vez a
discussão da fragilidade humana, egoísmo, vaidade, moralismo e o cuidado ao
explorar a violência contra a mulher.
A capa do livro sempre
remeteu bem a essência do enredo, porque mostra aquele “q” de suspense e
teorias da conspiração. A fonte é extremamente agradável e o material das
folhas é excelente.
Em
Águas Sombrias é como o livro It do mestre King que não trabalha com monstros, mas abre uma
discussão sobre a natureza algumas vezes cruel e maldosa dos seres humanos e
pode acabar sendo frustrante para quem procura apenas um livro de suspense e
não uma obra de discussão mental.
Oi, Joanice.
ResponderExcluirTive o prazer de ler esse livro e sua resenha está ótima! Super precisa!!!
Gostei muito da trama e fiquei surpresa com o final do livro!
beijos
Camis - blog Leitora Compulsiva
Não tinha muita curiosidade com esse livro pq eu assisti o filme A Garota no Trem e achei bem mais ou menos. Se um livro não me chama atenção eu sempre dou uma olhada no filme antes pra ver vale ler o livro ou não e esse não foi o caso. Então qnd vi esse lançamento, por mais curiosa que tenha ficado deixei pra lá já imaginando q seguiria a linha. Fico feliz em saber q a escrita da autora tenha amadurecido. Talvez eu leia esse pra ver se vou curtir tbm.
ResponderExcluirRaíssa Nantes
Olá
ResponderExcluirEu sou mega fã desse gênero mas ainda não li nenhum dos dois livros da autora já lançados aqui. Sempre leio ótimas resenhas sobre suas obras (mais da 1° do que essa) porém pretendo ler as dias o quanto antes for kkkkm adorei a sua resenha e até mais ver.
Bjs
Olá, tudo bem? Por mais que conheça todo o hype da autora, e alguns acredito que seja com fundamento, nunca me interessei pela obras delas justamente por serem de um gênero que não costumo ler. Que bom que você sentiu o amadurecimento da autora, isso denota que agora só virá obras melhores ainda. Espero que ela te surpreenda mais e mais!
ResponderExcluirBeijos,
http://diariasleituras.blogspot.com.br
Oi
ResponderExcluirEntão já ouvi falar muito desse livro, mas fiquei curiosa com o fato de você comparar ele com o It...aquele terror psicológico que mexe com a gente pela conplexidade dos personagens. Com essa frase tu me ganhou. Se puder quero ler também.
Beijo
Raquel Machado
Leitura kriativa
Http://leiturakriativa.blogspot.com
Ah gente, amei a resenha! Não curto muito esse estilo de livro, porque prefiro ler romances e tal, mas mesmo assim a história parece ser muito intrigante.
ResponderExcluirnâo li o primeiro livro da autora, mas esse eu estou bem curiosa pra ler!
ResponderExcluirSua resenha está incrível e eu fiquei mega curiosa com o final.
Sitou It e stephen king, ganhou minha curiosidade!!!
Dica super anotada!!
Beijinhos!
#Ana Souza
https://literakaos.wordpress.com
Oie!
ResponderExcluirEu já li um livro da autora e gostei da narrativa, mas me senti perdida no inicio da história, até entender a forma como ela estava contando a trama.
Ainda não tive a oportunidade de ler essa história, e espero fazer em breve. Vamos ver o que eu vou achar essa trama.
Bjks!
Histórias sem Fim
Oi Jo,
ResponderExcluirAdorei a resenha, perfeitinha! Esse livro esta na minha estante há mais de um ano, assim que ele lançou eu ganhei de presente de um amigo, mas ainda não consegui ler. Esse ano me inscrevi num projeto de desencalhar livros, e a ideia é ler pelo menos um encalhado por mês hahahahaha. Vou adiantar ele na pilha.
beijokas