[Resenha #13] O Bangalô - Sarah Jio

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Título: O Bangalô
Autora: Sarah Jio
Editora: Novo Conceito
Ano: 2015
N° de Páginas: 316
Skoob

Sinopse:
Verão de 1942. Anne tem tudo o que uma garota de sua idade almeja: família e noivo bem-sucedidos.No entanto, ela não se sente feliz com o rumo que sua vida está tomando. Recém-formada em enfermagem e vivendo em um mundo devastado pelos horrores da Segunda Guerra Mundial, Anne, juntamente com sua melhor amiga, decide se alistar para servir seu país como enfermeira em Bora Bora. Lá ela se depara com outra realidade, uma vida simples e responsabilidades que não estava acostumada. Mas, também, conhece o verdadeiro amor nos braços de Westry, um soldado sensível e carinhoso.O esconderijo de amor de Anne e Westry é um bangalô abandonado, e eles vivem os melhores momentos de suas vidas... Até testemunharem um assassinato brutal nos arredores do bangalô que mudará o rumo desta história.A ilha, de alguma forma, transforma a vida das pessoas, e este livro certamente transformará você.

“Se soubéssemos como as coisas acabariam, será que teríamos ido da mesma forma?” p. 228


O Bangalô é um romance inspirador, cativante e delicadamente doloroso que narra à história de um casal que foi separado pela força da inveja e da crueldade.


Anne Calloway é uma senhora que mora em Seattle e sempre está em companhia de sua neta Jennifer. Ela por sua vez está tentando descobrir a identidade do artista misteriosa da pintura na qual está estudando para seu trabalho final na faculdade, mas está sem sorte alguma.

Um dia jogando correspondências velhas de sua avó, ela encontra uma carta endereçada do Taiti para sua avó. Ela entrega para ela e no mesmo momento percebe uma mistura de emoções e sentimentos no rosto da velha Anne. Ali teria saudades do passado? E quem estaria escrevendo do Taiti para sua avó?

“Eu nunca sentira um amor tão verdadeiro e tão absoluto.” p. 187

Tomada pela curiosidade, ela pede para sua avó contar-lhe a história por detrás daquela súbita carta que pareceu despertar nostalgia em seu semblante. Anne então começa a narrar sua vida em 1942 quando se ofereceu para ajudar na brigada de enfermeiras na Segunda Guerra Mundial numa ilha no Taiti.

Ela fora para o Pacífico Sul para acompanhar sua grande amiga Kitty Morgan nessa missão de ajuda e de autodescobrimento de sua missão na Terra. Anne pede o adiamento da celebração de seu casamento com Gerard e segue para onde sua vida tomaria um rumo completamente diferente do que imaginava em sua terra natal.

No Taiti ela ganha um fôlego de vida com seu trabalho na enfermaria tratando dos guerrilheiros da guerra e tem contatos com mulheres com histórias dramáticas e bem tristes, como a de Mary, na qual seu noivo terminou o compromisso dias antes de seu embarque para o Pacífico. Ela torna-se amiga de um soldado chamado Westry Green. Ele é forte, divertido e completamente sonhador e com talento para a arte. O que começa com uma simples amizade torna-se um amor arrebatador.


O romance entre eles é como aqueles relacionamentos de verão, mas os dois almejam um futuro juntos. Anne terá que dar fim em seu noivado e encarar que seus sentimentos por Gerard não são tão intensos. Há outros pontos conflitantes nessa relação: não há garantia que Westry voltará do combate com vida e muito menos se ele a ama da mesma forma.

Como todo romance inesquecível e avassalador, uma tragédia acontece diante os olhos dos amantes: um assassinato muda completamente o rumo de suas vidas. O segredo da identidade do criminoso, mentiras, ciúmes e mal entendidos levam Anne e Westry para caminhos opostos e setenta anos depois o passado retorna para dar um fim a essa história.

Será que após setenta anos ainda há chance de Anne e Westry ficarem juntos? E por que somente depois de tantos anos, notícias do Taiti e do passado caíram no colo de Anne? Por que a vida fora tão cruel com eles dois? E será que ainda haveria sentimento entre eles, caso Westry ainda estiver vivo?

“Mas foi também o dia que mudou minha vida: o dia em que comecei a amar Westry.” p. 121

Anne é uma personagem moralmente correta, bem ética, forte, determinada e um pouco ingênua diante o comportamento das pessoas a sua volta. Ela não estava certa de seus sentimentos pelo noivo e por isso aceitou prontamente em ir para o Taiti, só não esperava que mudasse tanto e voltaria de lá apaixonada por outro nome e com o coração em frangalhos e muitas decepções que lhe acompanharam nos setenta anos entre a guerra e a chegada da carta que trazia a tona seu passado.


Westry é um homem formidável, doce, sonhador e completamente encantado pela arte. Quando foi para a guerra era um homem sem perspectivas de futuro e muito menos o que queria na vida. Quando seu caminho se cruza com o de Anne e eles descobrem o bangalô, na qual seria o ninho de amor dele naquele momento de tensão bélica, ele se encontra e deseja que aquele momento nunca acabe. Ele também tem atitudes bem honráveis que não são explicadas no início do livro, porém depois fazem total sentido quando a verdade é revelada.

Kitty é uma personagem que despertou diversas vezes raivas em mim durante a leitura. Ela tem um ego inflado e dificilmente pensa nos sentimentos dos outros mesmo que seja os da sua melhor amiga. Ela é linda e super segura de si e por isso se envolve com homens que apenas querem se aproveitar de sua beleza e numa dessas, ela fica grávida e muda completamente seu comportamento e se distanciando de Anne, consequentemente influenciando no rumo inesperado do futuro de sua amiga. Eu desejei com todas as forças que ela fosse infeliz, porque ela foi egoísta em tudo que fez.

Existem outros personagens como o noivo de Anne, Gerard que é apaixonado pela noiva e também procura um sentido para sua existência na guerra e acaba cativando os leitores. Tem os pais de Anne, a governanta Maxine, a enfermeira chefe, a nativa Atea e as amigas de Anne na enfermaria que norteiam muitos acontecimentos nesse romance digno de Nicholas Sparks.

A narrativa flui formidavelmente, porque ela se inicia com a chegada da carta misteriosa vinda do Taiti e trazendo a tona uma historia enterrada nas lembranças de Anne e quando os acontecimentos são delineados para Jennifer – e para nós – somos tomados pela compaixão que ainda haja tempo para um encontro entre Anne e Westry.

“Meu coração deu pulos de animação – pelo bangalô, pelo artista, pela expectativa das cartas deixadas sob as tábuas de madeira, mas, especialmente por este homem que era a chave de tudo.” p.86

Torcemos porque o amor é o sentimento mais universal de todos. Não há receita e nem clichês para ele. Não podemos colocar a moral e a ética como indicadores de julgamento quando ele surge. Ele tem seus próprios dizeres e exigências. Ele não traz sofrimento, mas a imaturidade e a resistência das pessoas causam dor nos relacionamentos que se formam. Percebemos isso nitidamente que o rumo do relacionamento de Anne e Westry foi modificado pelo orgulho e ação de outras pessoas. Quantas vezes desistimos de algo porque alguém nos ludibriou a desistência? Ouvir opiniões é diferente de segui-los. Notamos que o romance é apenas fundo de uma trama maior como a guerra, na qual a imaturidade e a incapacidade de se colocar no lugar do outro pode levar a conflitos sangrentos e cruéis para os seres humanos.

Sarah escreve com delicadeza e competência no que se propôs a escrever, porque captamos que ela pesquisou sobre a guerra – já que se baseou na história de seus parentes – e juntou com um romance que dar sustância a narrativa e isso torna seu livro bem distinto de vários outros. Ela narra com veracidade e não com a promessa de um final feliz.

“– É difícil acreditar que há uma guerra por aqui. Esse pedaço do mundo é lindo demais para ser destruído.” p. 77

A capa do livro é claramente representativa do bangalô que foi morada provisória de Anne e Westry no Taiti. A fonte é extremamente agradável e os pequenos detalhes como as flores que separam as narrações são delicadas e bem colocadas nas folhas amareladas.


O Bangalô é um drama que a narra história de amor de um casal que se amou mesmo a distância e viveram plenamente e intensamente seus sentimentos quando tiveram a oportunidade, mas nunca desistiram de ficarem juntos mesmo diante de setenta anos de separação.


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