[Resenha] A Heroína da Alvorada #3 - Alwyn Hamilton

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Título: A Heroína da Alvorada #3
Autora: Alwyn Hamilton
Editora: Seguinte
Ano: 2018
N° de páginas: 382
Skoob 
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Sinopse:
No último volume da trilogia A Rebelde do Deserto, Amani vai se deparar com a escolha mais difícil que já teve que fazer: entre si mesma e seu país.

Quando a atiradora Amani Al-Hiza escapou da cidadezinha em que morava, jamais imaginava se envolver numa rebelião, muito menos ter de comandá-la. Depois que o cruel sultão de Miraji capturou as principais lideranças da revolta, a garota se vê obrigada a tomar as rédeas da situação e seguir até Eremot, uma cidade que não existe em nenhum mapa, apenas nas lendas — e onde seus amigos estariam aprisionados.
Armada com sua pistola, sua inteligência e seus poderes, ela vai atravessar as areias impiedosas para concluir essa missão de resgate, acompanhada do que restou da rebelião. Enquanto assiste àqueles que ama perderem a vida para soldados inimigos e criaturas do deserto, Amani se pergunta se pode ser a líder de que precisam ou se está conduzindo todos para a morte certa.

Resenha da Rebelde do Deserto #1 || Aqui||
Resenha A Traidora do Trono #2 || Aqui||

A Heroína da Alvorada é o final de uma série que embarca fantasia, feminismo e críticas políticas que se encontram no cenário da queda da democracia e ascensão da ditadura e tirania/vilania pelo mundo.
“Tempo suficiente para construí o país que havia prometido, mas não tanto que o poder chegasse a corrompe-lo.”
Em A Traidora do Trono tivemos uma ausência de mais batalhas e somente em seu final tivemos o prenúncio desde volume. Houve outro ataque ao acampamento rebelde que estava na casa de Shazad em Izman e com isso novamente os líderes dessa revolução foram capturados e sacrifícios dolorosos tiveram que ser feitos para a rebelião não morrer no coração do país.
Shazad, Ahmed e o outro príncipe que se rebelou contra o sultão – príncipe Rahim – foram pegos pelo tirano estão longe para orientar Jin, Amani, Sam e Hala para poderem dar continuidade em seus planos e acabar de vez com o poder do atual governante de Miraji e com a pouca quantidade de rebeldes, fica praticamente inviável derrotar alguém que parece sempre dez passos à frente deles.

Como as coisas estão feias para nossos rebeldes, é necessário o aparecimento de uma líder para comandar essa pequena equipe de resgate que precisa salvar os aprisionados, conseguir um exército em terras estrangeiras e derrubar o vilão do poder das terras do deserto e essa pessoa é Amani. Não que ela se ache bem preparada, mas a única que pode assumir essa responsabilidade, pois Jin não tem disposição como Ahmed, Sam está pronto para fugir e Hala ainda está em luto pela morte de sua irmã.


“Pessoas que pertenciam a outras. Pessoas cujas vidas não tínhamos o direito de sacrificar.”
O primeiro passo claro é ir em busca de aliados, porém Izman está cercada por um fogo demdji que foi criado pela princesa de Miraji e ele mata instantemente quando se toca nele. O modo de fugir dali acaba sendo bem doloroso e exige mais mortes que abalarão nossa nova líder, todavia darão mais motivos para vencer essa guerra.

Eles avançam em terras estrangeiras e se vem em um labirinto difícil de se achar a saída. De um lado tem os povos que eles querem expulsar de suas terras e do outro, tem a necessidade urgente da ajuda deles para conseguir um exército para destronar o atual sultão. Será que é possível transpor esse dilema sem quebrar seus ideais?

Amani e Jin sabem que seus companheiros estão presos na lendária cidade de Eremont que até antes era apenas uma história para encantar as crianças do deserto e passa ser agora, o lugar que eles devem chegar e torcer para que seus amigos estão bem. Entretanto não se sabe da localização do lugar e nessa “pequena” caminhada que os levará finalmente – UFAAAA! – ao desfecho dessa série, Amani se vê diante incontáveis perdas que podem simplesmente não ter valido nada, já que não sabe se a rebelião pode vencer tão poderoso vilão como o sultão.

Entre conflitos pessoais e dilemas bélicos vemos um desfecho se descortinar e deixar os viajantes dessa história de lágrimas nos olhos, corações dolorosamente aflitos e sofrendo com mortes inesperadas e um final surpreendente até sua última linha.

“O príncipe rebelde renascerá.
Trazendo uma nova alvorada. Um novo deserto.”
Nesse volume temos uma linearidade incomum para essa série, porém seu objetivo é óbvio: a preparação do leitor para a sucessão de acontecimentos que ocorrem da página 200 até a última.

Amani se vê novamente sozinha e mesmo com Jin ao seu lado como um porto seguro, ela se vê solitária em suas decisões, porque ele acredita que suas tomadas de soluções são demasiadamente equivocadas e se vê em extremos opostos. Ela percebe que um líder sempre está sozinho quando o assunto é tomar caminhos. Não há glamour ou ajuda, porque acertando ou errando, todos vão lhe julgar.

“Ele estava matando o povo de fome por se aliarem a nós.”
Miraji está um caos depois que o sultão estendeu essa cortina de fogo demdji e sente-se cada vez mais poderoso e imbatível. Ele está consciente que tem tudo que precisa para aniquilar a força restante rebelde. Não tem um pouco de insegurança diante o cenário que se estende em seu país. Algumas vezes é necessária uma “mão-de-ferro” para governar povos que não tem conhecimento de política.
“...Havia lutado e sobrevivido. Havia salvado vidas, sacrificado pessoas, tinha visto mais e feito do que ela jamais poderia. E tudo para salvar pessoas exatamente como minha tia...”
Jin nesse volume desperta fúria na maioria dos leitores porque se posiciona como fosse uma criança e não um dos líderes de uma rebelião, porque não tem coragem e nem “culhões” de liderar a equipe que tem, porém tem a audácia de criticar negativamente os passos tomados por Amani. Ele é um personagem forte e bem colocado quando aparece em cena, todavia há momentos que ele é inconsequente e incapaz de perceber quando está passando dos limites.
“[...] Homens privilegiados não estavam acostumados a receber recusas.”
Sam que é nosso estrangeiro é mais conhecido e admirado por todos. Sabemos realmente sua história e motivos – podendo não ser nobres – de ter fugido de seu país. Ele nunca teve um nome e acabou deixando um legado de coragem e força em toda a história de Miraji.

Existe o retorno de alguns personagens do primeiro volume que são decisivos no desenrolar dessa guerra e determinantes nas decisões bem pensadas da Bandida dos Olhos Azuis.

“Sam tinha me ensinado isso. Grandes histórias de amor terminavam em morte. Todas as histórias terminavam, mais cedo ou mais tarde. A nossa só terminaria mais cedo.”
 O desfecho da série é a altura dos volumes passados e fecha com chave de ouro um enredo carregado de personagens verossímeis e estonteantes que nos lembram aqueles personagens de contos de fadas aventureiros e destemidos como Alladin, A Pequena Sereia e Mullan que morrem por uma causa nobre e bem maior que suas vidas.

Há diversas mortes aqui que abalam até os leitores mais “Frozen” que existem por aí, porque é impossível não se apegar a um dos personagens dessa fantástica história. Aqui as mortes são tão repentinas e inexplicáveis como em Jogos Vorazes com a perda de Finnick e outras distopias que a ausência de personagens cativantes traz revolta, porém lembre-se que a morte não faz acepção. Ela apenas ceifa. Ela coleta e vai embora.

“[...] A decisão é minha. – Permaneci firme. – Não estou pedindo sua ajuda. – eu disse – Estou dizendo o que vamos fazer.”
Tem o desenrolar de diversas lendas do deserto da Vila da Poeira que acabam sendo tão reais que deixam Amani na dúvida de sua sanidade, mas a lembram que o oprimido sempre consegue derrubar o opressor e de forma alguma se tornar um opressor também.

O maior ponto dessa série é essa discussão de opressor e oprimido que também é debatido no filme Um Lugar Silencioso e na famosa obra de Paulo Freire, A Pedagogia do Oprimido, na qual tem que existir meios e caminhos para os oprimidos se libertarem das amarras dos opressores para serem livres e de forma alguma alimentar o desejo de se tornar opressor. É a mesma analogia do pobre que quer se tornar burguês para repetir o mesmo hábito de seu carrasco e nos capítulos finais desde livro demonstram isto.

A narrativa é fluída e rápida. A narração continua em terceira pessoa que nos dar uma visão dinâmica e completa de todo cenário bélico e esperançoso. A capa é minha predileta e traz uma parte deslumbrante dessa obra.


Com o coração feliz e cheio de esperança me despeço dessa série que modificou minha visão política e humana. A Heroína da Alvorada fecha com louvor e qualidade uma história intensa e tensa de Amani e de Miraji.
“Rebelde, traidora, heroína... Não importa.
No fim, todo mundo é mortal.
 
Nota para a obra:







Comentário(s)
3 Comentário(s)

3 comentários

  1. Não é a toa que esse livro é favorito de muita gente.. Eu que nem gosto muito de fantasia já fiquei com vontade de ler. Adoro essa coisa que tem feminismo, política envolvidas.
    Achei bacana você preparar o leitor pelas mortes repentinas hahahaha, eu não sei lidar muito com isso não.

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  2. oi!
    Livro maravilhoso e gostei da a resenha e posso afirmar que foi incrível, maravilhoso. E valeu muitíssimo à pena ter lido essa trilogia fantástica :D super recomendo ;)

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  3. Oi, tudo bem?
    Eu achei sua resenha maravilhosa e acho as capas dos livros mais lindos ainda, mas eu não consegui passar do primeiro livro. Não sei porquê, mas a série não me pegou. Talvez, mais pra frente eu dê uma nova chance e mude de ideia!

    Bj
    Blog Tell Me a Book

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