Título:
O
Ceifador – Série Scythe Vol.1
Autor:
Neal
Shusterman
Editora:
Seguinte
Ano:
2017
N°
de Páginas: 442
|| Resenha originalmente feita para o Chalé Cult ||
Sinopse:
Primeiro mandamento: matarás.
A humanidade venceu todas as barreiras: fome, doenças, guerras, miséria... Até mesmo a morte. Agora os ceifadores são os únicos que podem pôr fim a uma vida, impedindo que o crescimento populacional vá além do limite e a Terra deixe de comportar a população por toda a eternidade. Citra e Rowan são adolescentes escolhidos como aprendizes de ceifador - papel que nenhum dos dois quer desempenhar. Para receberem o anel e o manto da Ceifa, os adolescentes precisam dominar a arte da coleta, ou seja, precisam aprender a matar. Porém, se falharem em sua missão ou se a cumplicidade no treinamento se tornar algo mais, podem colocar a própria vida em risco.
“É que ainda morramos
um pouco por dentro toda vez que testemunhemos a morte de outra pessoa. Pois só
a dor da empatia nos manterá humanos. Nenhum Deus vai poder nos ajudar e algum
dia perdemos isso.” p.393
O
Ceifador é uma história que nos leva ao questionamento: Será
que podemos aniquilar a ambição do ser humano pelo poder mesmo diante a
possibilidade de uma sociedade perfeita?
Estamos na Era da
Pós-Mortalidade – ou Imortalidade – já se foram quase trezentos e cinquenta
anos depois o último ano na qual os seres humanos morriam das mais diversas
formas, porém a Morte fora controlada. As doenças foram destruídas e os
acidentes simplesmente viraram possibilidades impensadas e quando ocorrem às
pessoas são revividas.
O mundo sobreviveu as
mais diversas catástrofes da Era da Mortalidade. Doenças, desastres naturais,
acidentes, golpes políticos, corrupção, desigualdades sociais e econômicas,
todavia a Nimbo-Cúmulo erradicara
todas essas ervas daninhas do mundo. A entidade superior para a sociedade agora
era uma máquina grandiosa que continha todos os conhecimentos adquiridos. Não
exigia mais NADA a ser descoberto. As pessoas apenas viviam suas vidas sem se
preocupar com mais nenhuma discussão moral, ética, política, econômica,
cultural, religiosa ou social, pois a Nimbo-Cúmulo agora detinha o poder de
decisão e observação sobre o globo. Nada fugia ao seu alcance e sua existência
deu fim aos conflitos que geravam destruição da raça humana. Apenas um seleto
grupo não estava sob seus cuidados: Os Ceifadores.
Os Ceifadores tem a
tarefa mais gloriosa – e divina – e também terrível na Terra. Eles coletam –
matam/ceifam – uma determinada cota de pessoas para que a população humana não
extrapole os limites de sustentação do planeta. Para a Nimbo-Cúmulo não deveria
se ter a necessidade da existência da coleta, mas com a Imortalidade viu-se a
exigência de controle sobre a taxa de crescimento populacional e como a
“Supremacia Autônoma” não dispõe de senso moral, fundou-se a Ceifa para tomar
conta desses assuntos, porque somente os humanos teriam os requisitos
necessários para julgar quem deveria ser coletado.
Era indiscutível a
importância do trabalho dos ceifadores, mas ninguém queria manusear
instrumentos que tirassem a vida dos outros. Os ceifadores podiam tirar a vida
de quem quisessem. Isso mesmo...qualquer pessoa, entretanto o senso moral e
ético tinha que prevalecer. Escolhas feitas a partir de estatísticas da Era da
Mortalidade, onde as pessoas morriam das mais variadas causas e o princípio
superior era coletar sem intenções preconceituosas e muito menos movidas por
rinchas pessoais.
A Ceifa se reunia em conclaves três vezes ao
ano para discutir métodos de coleta, armas, atingimento de cotas e escolha de
novos ceifadores e nessa crescente necessidade de novos ceifadores é que Citra
e Rowan entram como aprendizes aos cuidados do Honorável Ceifador Faraday. Eles
foram escolhidos após terem a infelicidade de suas vidas se cruzarem com o
ceifador. Ambos não querem esse futuro, mas começaram a gostar da ideia de
trabalhar com algo tão honrável quando realmente entenderam a tarefa da Ceifa,
porém onde há humanos, existe sempre o manto da ganância, ambição e corrupção.
Citra e Rowan se
encantam um pelo outro mesmo diante um dos mandamentos proibir
intermitentemente relações amorosas entre aprendizes/ceifadores e juntos
descobriram algo maior e impensável acontecendo numa entidade que devia prezar
pela honra, justiça e trabalhos irrefutáveis.
Quais serão as ervas
daninhas da Ceifa? Será que Rowan e Citra conseguirão descobrir onde está o mau
daquela entidade? Como saber que ser Ceifador é algo digno ou apenas uma
permissão insana para matar? E será que todas as coletas são justas?
“[...] Mas lembre-se de
que boas intenções pavimentam estradas. E nem todas levam ao inferno.” p.32
Um livro viciante que
injeta uma dose pesada de adrenalina nas veias dos leitores. A história
consegue juntar distopia e traços da sociedade utópica de Thomas Morus de uma
forma equilibrada e fascinante. O desenhar da evolução humana diante a ciência
e tecnologia é impensável. Aqui as pessoas não morrem mais – só se foram
coletadas -, não sentem mais dor, porque os nanitos
– células desenvolvidas para aceleramento de cura e restauração após morte – as
universidades só servem para passatempo, já que todo conhecimento foi adquirido
e está disponível na Nimbo-Cúmulo. Não existem mais governos, guerras,
sofrimento, desigualdade, mas existe a Ceifa.
Citra é uma adolescente
– só se contam os anos até os 25, depois só existe Imortalidade – de quase
dezessete anos que tem uma vida normal. Mora com seus pais e seu irmão Ben. Num
dia qualquer, um ceifador chamado de Faraday adentra sua casa e pede para se
alimentar naquela residência. O homem é um mistério e isso enlouquece o jeito
explosivo da garota e ela acaba confrontando o ceifador. Ele leva na esportiva
e explica que vai coletar a vizinha deles e não qualquer membro da família
Terranova. A matriarca da família ganha imunidade e Citra acabam se tornando
uma aprendiz de ceifador após receber um convite estranho para uma peça
teatral.
Rowan é um jovem
adolescente que sempre se conformou com sua invisibilidade em casa. Tinha uma
família grande e ninguém nunca lhe dava atenção por mais de cinco minutos. Ele
apenas tinha um amigo, Tyger, na qual vivia se jogando do prédio e sendo
revivificado só para perturbar seus pais. Um dia Rowan foi abordado por um
ceifador – Faraday – na escola perguntando onde fica a diretoria. O garoto se
oferece para leva-lo e lá descobre que o maior jogador de beisebol da escola
será coletado. Rowan fica junto do jovem até o seu último suspiro e assim ganha
a admiração do ceifador, mas a repulsa de todos da escola que acreditam que ele
poderia ter impedido a coleta. Dias depois ele se torna um aprendiz de
ceifador, após receber um convite misterioso para assistir uma peça teatral.
Ser um ceifador
aparentemente é terrível e assustador, todavia se refletimos em algum momento
alguém teria que ter o trabalho da Morte e os ceifadores assumiram isso como
sua responsabilidade diária após serem ordenados. Não fazem isso de forma
arbitrária e impensável, porém isso é o que todos pensavam até nossos jovens
aprendizes começarem a frequentar a Ceifa e perceberem que a sociedade poderia
ser perfeita, mas os seres humanos, não.
“[...] os seres humanos
aprendem com seus erros tanto quanto aprendem com suas boas ações.” p.340
O ceifador Faraday
pertence à velha guarda dos
ceifadores e coleta segundo seus valores e julgamentos morais. Ele escolhe após
ter um estudo profundo sobre estatísticas de mortes na Era da Mortalidade. Não
age com emoções pessoais e nem com traços de vingança. Assim mesmo age quando
concede Imunidade – um ano sem poder ser coletado – para qualquer pessoa e
assim acredita ser o trabalho de todos os ceifadores.
“A ideia de que alguns
ceifadores poderiam não ser tão honrados quanto Faraday desagradou os dois
aprendizes.” p.85
O enredo traz diversos
questionamentos que deixam perplexos os leitores. É uma leitura para chocar e
acender a chama da reflexão e senso crítico em quem se dispõe a ler a história.
Será que realmente conseguiremos nos livrar do nosso instinto assassino que se
atrela ao senso de sobrevivência? Será que não concedemos a liberdade legal
para que pessoas matem outras em nossos nomes quando concedemos poder a um
representante político? E quando nos omitimos não estamos também agindo contra
ou a favor de alguma atrocidade moralmente incabível?
O livro traz
perturbações que perpassam todas as áreas humanas; desde a destruição de todas
as religiões, já que a morte fora vencida, o pilar que sustentava essas
ideologias simplesmente se esvaia; a discussão sobre nosso propósito de vida,
porque se não temos mais nada para descobrir e salvar, qual o motivo de ainda
estamos vivos? Será realmente legal e moral uma máquina com inteligência
cognitiva controlar a sociedade e impedir qualquer ato contra a vida de alguém?
Será que existem mesmo motivos em ambos as perspectivas para permanecemos vivendo?
Mesmo diante uma sociedade – atual – que se aproxima ao abismo de perversão, a
crueldade e corrupção ou na possibilidade de uma sociedade sem preocupações,
mortes e “desigualdades” e o risco do tédio constante?
O
Ceifador é uma obra de desenrolar constante e revelações que
trazem reviravoltas bem colocadas no enredo. Nesse primeiro volume somos
introduzidos na realidade inconstentável: não existe a possibilidade de uma
sociedade perfeita para os seres humanos, porque não existe uniformidade – e
nem é aceitável – entre as pessoas, já que somos diferentes em vários aspectos
e a educação deve ser libertadora e não padronizadora.
A diagramação do livro
é impecável com fonte agradável e as folhas amareladas dão um toque charmoso
com a capa que traz uma figura imponente do Ceifador. A narração é em terceira
pessoa, mas em alguns momentos temos as vozes de Citra e Rowan nos
acontecimentos. O livro é dividido em quatro partes: Manto e Anel, Nenhuma lei além destas, A Velha Ordem e a Nova Ordem e
Fugitiva Midmericana, somando
quarenta capítulos.
O
Ceifador vem para mostrar que a perfeição é tão ilusória
quando o conceito de Democracia aplicado em lugares que tem mais pessoas do que
um ato democrático pode ser aceito e cumprido sem corrupção.
Oiii Joanice tudo bem?
ResponderExcluirQue demais essa dica menina, gostei de saber a sua opinião e quero saber e conhecer melhor os ceifadores que de cara são bem instigantes, ótimo post e dica anotada.
Bjs
Que interessante a controvérsia sobre não matarás, fiquei mega interessada e nos pontos levantados e quais seriam os meus questionamentos. Amei essa dica, tomara ter em e-book. Bjs
ResponderExcluirQuero muito ler esse livro, estou com ele aqui em casa pois ganhei de amigo secreto e acho a premissa sensacional.
ResponderExcluirBeijos
Mari
Pequenos Retalhos
Oi.
ResponderExcluirEu já tinha visto outras resenhas desse livro e todas elas falavam bem desta obra, eu já tinha adicionado à minha lista literária, adoro essa premissa.
www.paginasamais.com
Oi.
ResponderExcluirJá faz um tempo que estou com vontade de ler esse livro e fiquei com mais vontade ainda depois de ler sua resenha. Amei as reflexões suscitadas e acho muito mais fácil ter uma visão ampla dos aspectos explorados pelo livro quando se trata de uma ficção.
Adorei a resenha.
Beijos.
deve ser uma leitura impressionante e que levanta muitas questões... gosto da escrita do autor e to de olho nesse livro desde que vi o lançamento...
ResponderExcluirespero ter a chance de ler logo...
bjs :D
Olá!
ResponderExcluirEu comprei o ebook e ainda não li. Mas a cada resenha fico com mais vontade de conhecer a escrita do autor. Só vejo elogios pela forma como sua narrativa prende o leitor. Espero não me decepcionar.
Beijos!
Camila de Moraes
Olá, esse é um livro que eu tenho muita curiosidade em ler. A história parece super original e interessantíssima.
ResponderExcluirolá!
ResponderExcluirEsse livro está em minha meta de leitura, gosto de livros que nos propõe repensar a sociedade e nossa postura frente a ela, quero conseguir ler este ano.
Ai guria! EU QUEROOOOO, depois dessa resenha maravilhosa e bem detalhada, estou louca para conhecer essa história, e sim, perfeição nao existe! Adorei a temática! Beijos,
ResponderExcluirOverdose Literária - Paula Juliana
https://overdoselite.blogspot.com.br/
Olá!
ResponderExcluirTodas vez que leio uma resenha sobre esse livro fico ainda mais animada para ler,mesmo sendo negativa,sempre quero saber mais sobre esse livro.
Que bom que gostou do livro +1 ponto positivo para esse livro.
Beijos
Oiii!
ResponderExcluirEu não li esse livro ainda, mas todo mundo que eu conheço que leu AMOU. Confesso que não é bem meu estilo de livro e eu não leria por estar numa fase mais romance. Só que não descarto a leitura, principalmente depois de ver que foi bem desenvolvido.
Gostei muito da sua resenha, me deixou bem ambientalizada com a obra!
Beijinhos,
Olá
ResponderExcluirmuito legal sua resenha, eu recebi o livro mas acabei trocando sem ler por não ser um gênero que me atrai mas ainda assim fiquei curiosa por saber que há muita adrenalina e acontecimentos, adorei a resenha, quem sabe um dia eu não dê uma chance
beijos
http://www.prismaliterario.com.br/
Que resenha hein?!
ResponderExcluirEu já ando de olho nesse livro, mas vou esperar todos os demais saírem porque odeio ter que esperar por continuações.
Mas estou louca para ler!
Parabéns pela resenha e pela dica!!
Beijinhos!
#Ana Souza
https://literakaos.wordpress.com
Olá Jo!
ResponderExcluirEstou bem curiosa com esse livro, sempre leio resenhas positivas sobre essa história, que tem um diferencial, e esses questionamentos são de nos deixar pensando mesmo. Quero conferir essa história e espero gostar!
beijos!