[Resenha #12] Tartarugas até lá embaixo - John Green

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Título: Tartarugas até lá embaixo
Autora: John Green
Editora: Intrínseca
Ano: 2018
N° de Páginas:

Sinopse:
Depois de seis anos, milhões de livros vendidos, dois filmes de sucesso e uma legião de fãs apaixonados ao redor do mundo, John Green, autor do inesquecível A culpa é das estrelas, lança o mais pessoal de todos os seus romances: Tartarugas até lá embaixo.A história acompanha a jornada de Aza Holmes, uma menina de 16 anos que sai em busca de um bilionário misteriosamente desaparecido – quem encontrá-lo receberá uma polpuda recompensa em dinheiro – enquanto lida com o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).Repleto de referências da vida do autor – entre elas, a tão marcada paixão pela cultura pop e o TOC, transtorno mental que o afeta desde a infância –, Tartarugas até lá embaixo tem tudo o que fez de John Green um dos mais queridos autores contemporâneos. Um livro incrível, recheado de frases sublinháveis, que fala de amizades duradouras e reencontros inesperados, fan-fics de Star Wars e – por que não? – peculiares répteis neozelandeses.
Tartarugas até lá embaixo é uma obra que discute sobre saúde mental e emocional, através de personagens que estão numa fase transitória, como a adolescência.



Aza Holmes aparentemente é uma adolescente comum, mas quando seu pai morreu repentinamente num dia pacato, sua vida mudou drasticamente.

Ela é uma garota que tem muitos sonhos, porém sabe que terá diversos obstáculos até chegar ao alcance de seus objetivos, porque tem transtorno de ansiedade – e não TOC –que limita sua capacidade de sociabilidade e como seu pai era a única pessoa que a compreendia, ela sente-se pressionada e solitária mesmo com a presença da mãe constantemente.

Sua melhor amiga Daisy é uma jovem forte, divertida, extrovertida e determinada a batalhar por seus sonhos e por isso trabalha bastante, porque sua condição financeira familiar não é tão boa. E quando descobre que estão oferecendo uma recompensa para qualquer informação sobre um bilionário que coincidentemente é pai de um antigo amor infantil de Aza, ela ver uma oportunidade de ter alguma chance melhor numa universidade.

O pai de Davis sumiu uma madrugada silenciosa e concretizou o pior pesadelo do garoto: o abandono dele e de seu irmão caçula. Após a morte de sua mãe, os dois viram-se sob os cuidados dos empregados e rodeados por oportunistas e por isso ele se sente desconfortável quando Aza reaparece depois de tanto tempo. Ele compreende que Aza e Daisy querem somente informações do pai para ganhar a recompensa e não para ajuda-lo a passar por tudo aquilo.

O livro gira em torno de dois eixos: o problema de Aza e o “mistério” do desaparecimento do pai de --. No primeiro item, Green foi eficiente e pontual, porque falou das dificuldades de quem vive com TA, porque sua mente fica suscetível ao controle de algo “invisível”. Já no segundo ponto, John novamente fracassa – como em Cidades de Papel – porque ele não tem habilidade em trabalhar dois gêneros ao mesmo tempo, como drama e suspense. O mistério é algo capenga e até ofensivo, já que o sobrenome de Aza é Holmes que remete ao detetive de Sir Arthur Conan Doyle. Cartão amarelo para “João Verde” nesse quesito.

Aza é uma personagem muito similar a Margô de Cidades de Papel. Ambas têm: problemas existenciais, egoísmo, individualismo exacerbado e são mimadas demais. Ter um transtorno – tenho TDAH – torna a vida mais difícil, mas não algo insustentável ou inviável. É necessário mais cuidados e informações dos outros, porém somente isso. Não é algo que me torna vítima – só em casos de discriminação – e Aza dar um “megafone” ao seu problema, porque ela se fecha e julga as pessoas incapazes de entender seu “tendão de Aquiles”.

Daisy é uma personagem cativante, porque tem uma condição financeira complicada em casa, mas trabalha para conseguir o que seus pais não podem oferecer e por isso ela aponta os defeitos de Aza que reclama de tudo mesmo tendo um quarto só para ela, carro, notebook e um futuro garantido. Ela sabe de seu TA, porém isso não é motivo para tamanha lamúria, o que ela expõe em suas fanfics de Star Wars.

Davis é um jovem que causa compaixão nos leitores por seu dilema familiar, entretanto o autor limitou sua história e isso torna sua ligação com o público fraca. Ele é meigo, carinhoso, amável e apaixonado por Aza. Só isso e nada mais.

Eu gosto da escrita de John, mas ele tem uma falha gigante em dar atenção demais a personagens que são exaustivos e mimados mesmo tendo agravantes físicos e mentais. Ele nos deu Quinn, Isaac, August e Daisy de presente, mas pouco os explorou e nos saturou com Margot, Aza e Hazel.

A capa do livro é padrão das obras do autor pela Intrínseca. A fonte é agradável para a leitura.


Tartarugas até lá embaixo é mais uma obra indicada para reflexão, mas que faltou um pouco mais de tato do autor para se tornar algo diferencial e referencial nas problemáticas apontadas.



  
Comentário(s)
2 Comentário(s)

2 comentários

  1. Sou apaixonada pela escrita do autor, a leitura flui de um modo incrível!
    Tinha visto o lançamento do livro e não tinha me chamado muito a atenção, porém não sabia que havia sido diagnosticado com TOC também.
    Agora fiquei empolgada para ler, porque deve ser uma experiência muito grande escrever sobre algo que você convive.

    Adorei resenha.
    Beijos
    She is a Bookaholic

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  2. Olá
    Eu ainda não tive a chance de ler esse livro, mas pretendo fazer isso muito em breve. Eu vi muitas pessoas elogiando o livro, mas ainda não o li então não posso opinar. Eu costumo gostar da escrita do autor e espero gostar desse livro. Uma pena que ele não te supriu na parte do mistério da história.

    Vidas em Preto e Branco

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