Título: O Que não existe mais
Autora: Krishna Monteiro
Editora: Tordesilhas
Número de Páginas: 112
Edição: 2015
Sinopse:
O que não existe mais é um relato sobre memória e desajuste, solidão e renascimento. Neste livro de contos, Krishna Monteiro explora esses temas sob vários ângulos. O de um filho perseguido nos corredores de sua casa pela lembrança viva o pai; o de um pacto celebrado pelo escritor João Guimarães Rosa numa encruzilhada; o de um galo de briga que, ao combater na arena, recorda toda a sua existência; o de um gato, narrando os últimos momentos de sua dona, sem compreendê-los; o de um velho soldado que tenta sem sucesso exorcizar a guerra; o de uma mulher que diante da degradação e do envelhecimento vê no ato de contar histórias a fonte mesma de criação e manutenção da vida.
O que não existe mais é uma antologia de contos bem diferente dos livros desse gênero porque traz textos poéticos, metafísicos e psicológicos aos leitores.
Confesso que foi a primeira vez em toda minha vida que me senti perdida durante uma leitura. Mas porque Jo? A forma poética e exageradamente profunda deixou os contos com ar de livros acadêmicos os livros com devaneios de Nietzsche sobre a vida. O livro de forma alguma é ruim. É maravilhoso, porém a apresentação da temática Memórias e Lembranças aliada a esse excesso de poética torna o livro enfadonho e propenso a falha no seu objetivo.
" Há limites para a coragem." Foi contigo que aprendi isso."
O conto que dar início ao livro é O que não existe mais que é o título do livro nos leva para as lembranças e delírios de um filho sobre seu falecido pai. Nessa história temos um homem profundamente abalado pela perda de seu maior companheiro de vida. Ele luta para se manter lúcido, mas é levado pela enxurrada de lembranças e lugares que trazem à tona a imagem do seu tutor.
Em Monte Castelo temos a construção de lembranças de um avô e um neto. Sabe aquela pessoa na família que sempre temos nossas diferenças e briguinhas cotidianas? Então, esse avô e seu neto são esse caso. Familiares que vivem discutindo, todavia se amam mesmo com suas diferenças e visões de mundo diferentes.
No conto Alma em corpo atravessada temos uma mulher tem uma conversa com seu íntimo e coloca-se frente a frente com o Tempo. Por que o Tempo? Porque agora ela percebe seu envelhecimento. Enxerga no espelho suas rugas e marcas de expressão que ganhou com suas batalhas cotidianas...com suas lutas internas...com sua vitória diária pela sobrevivência e entende que o amadurecimento vem com o tempo e as lições que ganhamos com nossas conquistas e derrotadas.
" Trancou palavras a exemplo de um poema composto para o mundo, mas que, após mudar de ideia, decidimos guardar para sempre dentro de nós."
O conto de maior destaque na minha opinião é Um âmbito cerrado como um sonho que é contado pela visão de um gato sobre o suicídio de sua dona. Ele detalha todos os sentimentos que alimentam essa mulher...seus hábitos em se fechar em si...pouco falar e apenas sorrir por obrigação e relata seus últimos momentos antes de tirar sua própria vida.
Todas as histórias falam sobre Tempo, Lembranças e Memórias que tornam-se novas a cada vez que trazemos a superfície suas existência ou evocamos esses momentos já vividos e que ganham mais cor e lucidez a cada palavra ou sentimento acrescentado pelo instante que são pronunciados.
A capa do livro remete muito a temática com o coração incrustado na madeira que lembra primeiro amor, lembranças boas e momentos felizes que se encaixa perfeitamente com a fonte bem escolhida e as folhas amarelas da obra.
O que não existe mais é uma obra de delicadeza sem igual. Um livro de despertar memórias e lembranças guardadas com tanto esmero em nossas mentes.
" Temia - sem motivos, o que não poderia saber ainda - que qualquer barulho meu profanasse seu sossego, fazendo-o mudar de ideia e pedir que me retirasse."
Olá, tudo bem? Não conhecia esse livro ainda, mas parece ser uma ótima leitura. Eu gosto bastante de livros filosóficos/reflexivos, então acho que irei curtir a obra, haha. Adorei tua resenha!
ResponderExcluirBeijos,
Duas Livreiras
Eu amo antologias, acho que é uma leitura que sempre flui muito bem pra mim e eu amo muito!
ResponderExcluirAdorei essa dica, pareceu ser um livro bem forte e cheio de significados, gostei muito, vou pesquisar aqui pra comprar! Valeu mesmo pela dica!
Oi, eu já li esse livro há algum tempo e também senti que alguns contos eram difíceis de entender na totalidade, mas gostei de conhecer a escrita do autor (dele também li O mal de Lázaro, livro que se tornou um dos meus favoritos). Gostei muito de conferir sua opinião sobre o livro.
ResponderExcluirLi esse livro há algum tempo, nem lembro quando, ele é extraordinário, profundo, sensível, inteligente e poético. Concordo com você que a capa expressa bem a obra, porém foi a única coisa que não curti no livro.
ResponderExcluirEu entendo totalmente a sua crítica sobre o ar academicista da obra, porque acaba soando por isso mesmo, né? Os autores tentam colocar um ar de niilismo mas acaba só tornando a leitura mais maçante, o que é uma pena porque a obra parece ter muito potencial.
ResponderExcluirOlá, tudo bem?
ResponderExcluirEu li esse livro faz muito tempo e gostei muito de ver a sua resenha dele, a leitura não é fácil e para mim alguns pontos deixaram as coisas ainda mais difíceis, porém tirei pontos positivos da obra também.
Olá!
ResponderExcluirUaua não conhecia o livro, mas me parece ser uma leitura super triste também, ao mesmo tempo que deve trazer muitas reflexões, uma obra, muito delicada como você disse. Fiquei curiosa!
Olá, tudo bem? Não lembro de já ter visto uma antologia com contos distintos em relação ao seu gênero. É o primeiro que vejo, e posso ver que pela carga da escrita poética torna-o bom. Não conhecia, e com certeza dica anotada! Quero me arriscar mais em antologias, e acabei ficando curiosa. Adorei!
ResponderExcluirBeijos,
https://diariasleituras.blogspot.com
Ola Joanice, tudo bem?
ResponderExcluirNão conhecia esse livro em questão, mas acredito, lendo a sua resenha, que me sentiria extremamente perdida lendo esse livro. Não sou muito chegada em contos, confesso, e também, contendo textos nesse estilo, definitivamente é algo que prefiro não me envolver.
beijos
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirGostei bastante da temática do livro que realmente é pouco explorada, não vemos tanto livros que nos remetam ao passado dessa forma poética e quase nostálgica. Fico triste em saber, porém, que a linguagem do livro dificulta a leitura. Muitos autores tem essa mania de soarem mais acadêmicos a ponto de se fazerem incompreensíveis. Uma pena.
Talvez me arrisque a leitura, mas de fato esse foi um ponto que me desanimou.
Gostou bastante da sua resenha :)