[Resenha] Desnudo - Thássio G.Ferreira

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Resenha do livro Desnudo – Thássio G. Ferreira
Título: Desnudo
Autor: Thássio G. Ferreira
Editora: Ibis Libris
Ano: 2016
N° de Páginas: 84


Sinopse:
Despido de si, o uno é sempre um outro, de maneira que somente a poesia possa deflagrar tal dinâmica de alteração e pró-criação do existente. A razão entra, sim, no cuidado de revelar a própria emoção poética, sem que a aniquile quando consumada na forma-poema. Dessa consciência, Thássio G. Ferreira se vale: maneja ferramentas sonoras, rímicas, rítmicas. Entre aliterações e assonâncias, não joga as palavras, nem somente joga com elas. O poeta se joga, sim, à palavra como quem “se entrega ao sol do mundo”. Apresentação de Igor Fagundes.


DES)NU(DO) é uma antologia que mostra que todo poeta é um costureiro de sentimentos, pensamentos e experiências.


No poema inicial Desnudamento, temos uma construção poética com rimas abertas e aliterações que combinam harmonicamente com o despir do eu lírico do texto. Temos o retirar do que pensamos, sentimos e vivemos e acabando sendo o que realmente somos: Humanos.

“Desprotegido do que minto,
desarmado do que acuso,
enxuto e contrito
do que cantei e calei [...]”


Em Cura somos levados a saber das peripécias do Amor e sua mania de nos levar aos extremos. Nós, sendo ingênuos e despreparados, ganhamos feridas que nos tornam mais fortes depois da cura que vem pelo amor.

“O amor
do mar
é maior
que a dor
dos males
dentro de mim.”

Na A Carne Inrancorosa, o poeta nos fala sobre a ingenuidade do nosso corpo que vive várias dores emocionais, mas parece nunca se lembrar disso. Tem um coração partido, mas não se lembrará dessa lembrança ruim e partirá para outro amor sem marcas visíveis.

“E pobre, pobre,
inconsciente de sua história,
volta a se abrir
no mesmo lugar.”

Exercício da Rima fala do modo, sem pudor ou medo, que o poeta expõe suas rimas. Thássio pede desculpas por seus versos carregados de muitos pensamentos por vezes serem rejeitados pelo público por conta das rimas cotidianas.

“ [...] tão prezado e paciente,
que lhe perdoe o louvor
à rima inconsequente.”

No Canto Momentâneo as rimas me encantaram e me fizeram lembrar da minha paixão por poemas. O poeta nos aconselha a viver o presente sem deixar de ser iludido pelas visões do futuro e muito menos pelos fantasmas do passado, porque o mesmo não passa de um emaranhado de lembranças escolhidas por nós.

“ É cântico meu,
poesia,
em que destilo
os agoras
que ao acaso vivo.”


Consumição é um poema que me conquistou pela construção narrativa, técnica e harmônica entre palavras e pensamentos de um eu lírico que era apaixonado por uma jovem. Contudo ela não correspondeu ao sentimento e ele se tornou “um cais” para novos “barcos”, ou seja, transformou-se em um ser livre para amar outras pessoas.

“Dali,
voltei a ser cais,
mas para outros barcos.”

Thássio construiu uma antologia poética com traços de seus pensamentos profundos emaranhados e confundidos com suas vivências no mundo. Palavras costuradas como retalhos numa colcha feita para emocionar o leitor e apresentar que o Amor é a única fonte de vida para os seres humanos.


O livro é dividido em três partes: I- O Poeta, II – A Poesia e III – O Tempo e o Silêncio e traz poemas com as mais diversas temáticas: Amor, Paixões inacabadas, amadurecimento, crescimento, saudades do ser amado, a profissão “Poeta” e a nudez do ser humano longe de todos.

O autor abre as três partes com trechos de Clarice Lispector, que preencheu a minha vida com suas palavras insanas e seus sentimentos intensos pela vida e pela Literatura, Manoel de Barros e Manuel Bandeira, autores que permeiam minhas leituras constantemente com pensamentos de leveza e intensidade na vida.


A capa do livro combina com a essência do autor. Mostra maturidade nos poemas, rimas e um talento sem igual em captar momentos e sentimentos. Thássio é capaz de trazer sorrisos e lágrimas para os leitores mais sensíveis.



(DES)NU(DO) é a nudez do poeta que tece uma colcha de sentimentos, pensamentos e experiências suas e de diversos personagens que compõem a vida dele. Thássio nos apresenta uma obra que lembra o tear das Parcas na Mitologia Grega.




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