[Resenha] #Acredite - Eliane Quintella

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Título: #Acredite
Autora: Eliane Quintella
Editora: Independente 
Ano: 2019
N° de Páginas: 160
Nota:4,5/5
Cedido em parceria com a autora

Sinopse:
Existe um mundo mágico, mas seu povo é dividido de acordo com seus poderes. Braites são mágicos mais poderosos e dominam a energia da transformação. Lalulis conseguem fazer apenas as magias simples. Os Braites mantêm sua magia forte, pois cultivam a leveza, a harmonia e a alegria, já os Lalulis não são capazes de aumentar seu poder de magia, pois são pessimistas por natureza e preferem se deixar dominar por sentimentos pesados a serem fúteis como os Braites.Nesse mundo dividido, Pamela, uma jovem braite, se apaixona por Raul, um Laluli. Porém, os dois acreditam que o amor é uma força poderosa e estão dispostos a desafiar a ordem das coisas ficando juntos.O casal é submetido a duras provações que desafiam a força do amor e a crença que separa aquele mundo. Um livro que tem a força dos contos de fadas e nos inspira a acreditar em nós mesmos e na vida que nos cerca.
#Acredite é um romance que fala sobre ter forças mesmo diante as situações mais tenebrosas e acreditar que o Amor pode auxiliar em qualquer momento de luta, tristeza e superação.

Pam é uma jovem que vive em Terras onde não existe diversos povos, mas apenas dois: Os Braites, na qual ela pertence e os Lalulis. Aqui a magia é elementar e cresce conforme o aperfeiçoamento de cada indivíduo, mas os Lalulis não tem uma magia poderosa como os Braites. Eles são pessimistas, vitimistas e tristes. Não conseguem dominar a magia que circunda todo o lugar. Os Braites são poderosos e cheios de alegria e vitalidade. A tristeza para eles é a sentença de suas mortes. É nesse mundo de diferenças sociais e culturais que nasce um amor condenado ao fracasso e extremamente proibido.
Nesse lugar não se pode ter um relacionamento entre as duas classes distintas. Para os costumes tradicionais, os Lalulis sugam toda a magia dos Braites, o que pode ocasionar a morte do último. Por causa de sua tristeza profunda e incapacidade de dominar as artes mágicas, os Laluis são vistos como sanguessugas.

O amor entre Pamela(Pam) e Raul nasce de forma imprópria e a jovem braite sabe muito bem disso. Ela é advertida pela amiga e principalmente pelo pai que pode ter sua vitalidade roubada e condenada à loucura e a frustração até seus últimos dias. Ela sabe que ir contra um sistema cultural traz consequências dolorosas, como, isolamento social e mudança de casta, entretanto seu sentimento pelo laluli Raul é maior do que qualquer regra social imposta pelo Conselho Supremo de Magia.

O que começa como um relacionamento simples, puro e juvenil acarreta mudanças inesperadas e até almejada por muitos - que eram silenciados - que dão o pontapé inicial para uma batalha sangrenta e violenta pelo poder. Por um lado, os braites não acreditam que os lalulis podem ser como eles e do outro, os lalulis não querem mais ser inferiorizados. Em meio ao conflito, Raul e Pam se veem em uma realidade voraz,alucinante e impiedosa. O que seria sensato de se fazer? Será que dois jovens inocentes podem mesmo dar começo à uma revolução? Será que as duas "espécies" realmente são diferentes?
"Não temos que erguer um mundo de amor e compreensão em cima de sepulturas." p.129
A história se baseia na narrativa de Pam de seu amor por Raul. Ela é nossa narradora e por isso nos traz um enredo carregado de sentimentalismo e percepção pessoal e limitada de tudo. Como ela é uma jovem extremamente apaixonada e intensa, todas as suas memórias tendem a trazer um romantismo típico das mocinhas do século XIX, mas engana-se quem acha que ela é inocente, ingênua e submissa.

Pamela é uma braite de nascença e carrega a ideia que vem de uma casta "superior". Quando se apaixona por Raul começa a questiona toda a estrutura social do lugar onde mora. Ela não compreende como a segregação chegou a tal ponto que a inferiorização tornou-se algo apoiado por todos. A jovem então adentra numa luta para mostrar que tudo aquilo não passa de uma construção cultural, na qual alguns decidiram em algum momento - divergência ou épicas bélicas - estratificar a sociedade de magia para condenar alguns e os taxarem de Laluli.  

Há quem diga que Pam fora egoísta em suas escolhas, mas pergunto a você: Quando se ama temos tendência a pensar no coletivo ou no bem estar de quem amamos? Uma mãe que ama seu filho incondicional e tem que escolher entre a vida dele e de meia dúzia de desconhecidos, optará por qual?O amor é sim, potencialmente egoísta - e não egocêntrico - e exclusivista. Quando se ama, se quer proteger quem amamos e mover "céus e terras" para isso.

Raul é um revolucionário nato e incapaz de recuar quando acredita em algo. Em muitos momentos, vi a personificação da força de Atlas - mitologia grega - no rapaz, porque ele era um rochedo de esperança, dureza e amor.

O livro tem uma fluidez impressionante e somos levados a sonhar com a capacidade de controlar a magia. Não tem como não imaginar a sensação do formigamento da magia se espalhando por cada célula e nos dando capacidade de voar, levitar e teletransportar.

Meu único dilema com a obra foi um aceleramento em alguns acontecimentos que mereciam mais detalhes, porque foram essenciais para o culminamento do final que nos traz uma lição fundamental para nossa existência: Só se alcança a mudança com a luta.

As ilustrações são maravilhosas e são bem colocadas em alguns capítulos e nos trazem uma experiência visual completa e satisfatória. As folhas amareladas dão aquela sensação de pergaminho.
#Acredite é sobre superar qualquer atribulação e lutar com o pensamento que toda a evolução nos traz batalhas e guerras a serem vencidas.

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