[Resenha] O Velho e o Mar - Ernest Hemingway

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Título: O Velho e o Mar
Autor: Ernest Hemingway
Editora: Betrand Brasil
Ano de Publicação: 2013
N° de Páginas: 126
Onde Comprar: Amazon 

Sinopse:
Best-seller em todo o mundo e também no Brasil, "O Velho e o Mar" conta a história de um pescador que, depois de 84 dias sem apanhar um só peixe, acaba fisgando um de tamanho descomunal, que lhe oferece inusitada resistências e contra cuja força tem de opor a de seus braços, a de seu corpo, e, mais do que tudo, a de seu espírito.
Um homem só, no mar alto, com seus sonhos e pensamentos, suas fundas tristezas e ingênuas alegrias, amando com certa ternura o peixe com que trava ingente luta até levá-lo a uma derrota leal e honesta.
Uma obra-prima da literatura contemporânea, dotada de profunda mensagem de fé no homem e em sua capacidade de superar as limitações a que a vida o submete. 
O Velho e o Mar é uma narrativa simples, mas grandiosa em valores e boas lições. É uma narrativa sensível sobre perspectiva de vida e otimismo. 

Santiago é um dos mais famosos pescadores que vive próximo a Corrente do Golpo - especificamente em Cuba - e por isso é destaque onde mora. Ele já tem idade avançada e agora vive sendo vítima de comentários maldosos e nada convidativos das pessoas que moram na pequena aldeia que vive após a morte de sua esposa. O motivo dessa presepada é que Santiago não consegue pescar um mísero peixe há alguns dias e por isso vem sendo taxado de "salão", que é pescador que não consegue pescar nada. 

Mesmo diante um cenário nada convidativo, Santiago vive com otimismo e esperança. Sua alegria diária é compartilhar seu dia com o jovem Manolín que tornou-se seu improvável ajudante nas pescarias. O garoto vem visitá-lo todos os dias, entretanto foi vetado sua ajuda no trabalho do velho por ordem de seu pai. Mesmo com as imposições paternais, o garoto vai todos os dias na casa do senhor para ajudá-lo no que puder e principalmente, saber se ele não passa qualquer necessidade, seja física ou emocional.
Um dia que o velho pescador é tomado por uma sensação inebriante de conquista à vista, decide por empreitar-se numa atividade para lá de louca. Ele pescaria um dos maiores peixes que vira e mexe passava por aquelas bandas. Manolín o ajuda em seus preparativos, mas lamenta que não poderá estar ao seu lado. O velho também sente, entretanto não demonstra para não deixar o menino mais abatido. A amizade entre eles é inquebrável.

Santiago então zarpa em seu pequeno barco com suas iscas prontas para enfrentar seu "Moby Dick" pessoal e mostrar que até tempos difíceis tem momento certo para acabar. Ele começa a navegar tranquilamente quando a linha de sua vara começa a tremer loucamente. Ele sabe que sua redenção e glória está ali embaixo. O maior peixe já visto está em seu anzol, porém a luta durará vários dias e noites e apenas um deles será o vencedor. Qual deles será o vencedor dessa luta pela vida? 
Ernest ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1954 por esse livro. Foi um de seus últimos trabalhos e um dos mais ovacionados pelo mundo. Sua narrativa simplista, mas profundamente detalhista conquistou os coações mais críticos pela Literatura. Suas histórias com enredos palpáveis e bem verossímeis aquecem o frio de nossos sentimentos. É  a história de qualquer pessoa anônima que ganha voz e mostra que o mundo pode ser vivido sem grandes lutas ou dores.

Santiago é um personagem riquíssimo e extremamente apaixonante. Mesmo diante a miséria material na qual vive naquela localidade, ele consegue manter seu espírito e coração inabaláveis. Sua esperança em dias melhores é algo estimulante não somente ao seu jovem companheiro, mas para qualquer pessoas que leia essa obra. Sua visão de mundo é de saber que esses batalhas a serem travadas, entretanto isso não quer dizer que elas devam ser duramente sofríveis ou angustiantes. Elas podem ser apenas um caminho que precisamos vencer desafios e ganhar maturidade e sabedoria.
Manolín é um personagem sem precedentes. Se o velho é esperançoso e uma fortaleza nata, o garoto aqui é um coração generoso e valente. Seu jeito prestativo e amável é de deixar qualquer pessoa com os olhos carregados de lágrimas. Sua preocupação com Santiago é legítima e constante. Não há um dia sequer que ele não visite o companheiro. Não dorme ou deixar de comer para alimentar seu fiel amigo. 

A juventude e a velhice se encontram não como duas rivais num ringue para lutar e saber qual das duas é mais forte ao final. Aqui temos uma caminhada onde ambas se abraçam afetuosamente e mostram que a primeira nos dar a falta de sensatez que nos deixa mais aberto ao tentar e ao sonhar. A segunda nos mostra que arriscar também traz consequências e que ser jovem, não é sinônimo de libertinagem, desânimo ou irresponsabilidade.

Uma das características mais marcantes da obra é a conexão do ser humano e quem o criou: A Natureza. A vida de Santiago é interligada não somente pela pescaria, mas por sua essência. Seu respeito a Mãe Natureza são louváveis, principalmente diante um cenário que nos traz uma sociedade levada ao consumismo sem consciência e que esquece que a natureza não se renova na velocidade da luz.

A edição que li foi da Betrand Brasil e tem uma capa simples e que se encaixa como uma "luva" na narrativa do autor e a mesma por ser da biblioteca da UFMA me remeteu aos bons tempos de inocência e fé em tudo sem duvidar.

O Velho e o Mar é uma prosa poética que fala sobre Tudo e o Nada e conversa com qualquer leitor. Seja ele otimista ou pessimista, porque aqui o que vale é navegar.



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