[Resenha] Os Amantes de Hiroshima #3 - Toni Hill

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Título: Os Amantes de Hiroshima #3
Autor: Toni Hill
Editora: Tordesilhas
Ano: 2016
N° de Páginas: 503

Sinopse:
Em uma cidade que se ergue contra os poderosos, há segredos que continuam debaixo da terra. Em maio de 2011, em uma casa abandonada perto do aeroporto, a polícia de Barcelona encontra dois mortos envoltos em uma mortalha de flores. Abraçados, eles foram ali sepultados junto com uma grande quantia de dinheiro. Héctor Salgado e sua equipe são encarregados da investigação, um quebra-cabeça cercado de pistas demais. Enquanto isso, o inspetor Salgado, mais do que nunca unido à agente Leire Castro na busca por sua ex-mulher, também precisará investigar o que nunca imaginara até chegar à obscura origem do desaparecimento de Ruth e a uma verdade de consequências trágicas e imprevisíveis.



Os Amantes de Hiroshima é um livro de grandes revelações de segredos, planos macabros e mentiras que vieram à luz depois de décadas de omissão.

O inspetor Héctor Salgado vem lutando há um ano com a sensação de perda e solidão com o desaparecimento de sua ex esposa Ruth que até hoje não foram encontradas evidências de seu paradeiro e agora ele se depara com um caso bem peculiar: um casal de cadáveres é encontrado numa casa perto do aeroporto de Barcelona e estavam abraçados como se esperassem aquilo e muitos quadros com a reprodução dessa cena macabra estão na sala desse lugar.

Héctor, Leire – agora mãe do fofo do Abel – e Roger Fort se juntam para desvendar esse mistério que envolve um drama estranhamente bem articulado. Os cadáveres encontrados são de um casal de namorados: Cristina Silva e Daniel Alvadeera. Eles eram estudantes de Artes e apaixonados, mas tinham uma relação triangular. Seu namoro tinha uma terceira pessoa: Ferran Badía que foi preso numa clínica de reabilitação após o desparecimento deles há quase oito anos. Ferran é um jovem de paixões avassaladoras, aficionado pela Morte e por Cristina.


As investigações seguem seu curso natural, mas cada nova revelação mostra que essa morte vai além das evidências coletadas e que confissões foram mentirosas e os verdadeiros culpados estão livres da Justiça. Leire e Roger descobrem que Daniel fazia parte de uma banda com seus amigos Leo Andratx, Hugo Arias e Isaac Rubio. Juntos eram inseparáveis, porém no dia do desaparecimento do casal, uma briga abalou essa amizade verdadeira.

“ [...]. Que parece bonito de longe, até que a gente se aproxima e vê que é a mesma merda que o presente. ”

Paralelamente ao caso, o desaparecimento de Ruth vai se desenrolando e mostrando verdades nunca antes questionadas. A ditadura espanhola vem à tona e segredos de pessoas que Leire e Héctor respeitam surgem e colocam em dúvida a honestidade da Polícia local. Ruth fora vítima de algo maior que todos pensavam e simplesmente fora usada para aniquilar um erro do passado.

Então, quem será que está envolvido no desparecimento da ex esposa de Héctor? Qual pessoa de confiança causou tanta dor no nosso inspetor espanhol? Quais os segredos por traz da morte do casal? Por que Cristina e Daniel foram brutalmente assassinados? E seus amigos escondem alguma verdade?
Todos os personagens desse último livro da trilogia Inspetor Héctor Salgado são bem trabalhados. Os envolvidos na morte de Cristina e Daniel são apresentados após a leitura de um conto intitulado Os Amantes de Hiroshima que conta fielmente uma história similar vivida pelo triângulo amoroso – Cris, Daniel e Ferran – e que vai parar nas mãos dos investigadores e que fundamenta todo o desenrolar desse mistério.

Nesse livro temos um Héctor mais forte e pai presente. Ele já aceita melhor a possível morte de sua ex e seu envolvimento com Lola – a sua amante do passado e que culminou o fim do seu casamento – está abalado, porque o inspetor se envolveu com ninguém mais que Leire Castro. Isso mesmo, Salgado se envolveu com sua subalternada e essa relação vai ser complicada de todos os pontos, porém adorei a evolução desse romance até o final que foi completamente diferente do que esperava.

" A felicidade dura pouco para gente como nós. ”

Leire aqui já é uma mulher mais emotiva com relação as mudanças de sua vida. A maternidade lhe rendeu mais sensibilidade com os problemas alheios, todavia acrescentou um tom mais dramático em suas escolhas. Hoje não pode ser mais irresponsável e não pensar nas consequências, já que é mãe de Abel. Sua relação com o pai do seu filho está indefinida e piora com seu envolvimento com Héctor.
Ferran Badía o terceiro do triângulo amoroso é um jovem melancólico e profundamente pessimista que se envolveu com Cristina e Daniel para acrescentar um tom mais vigoroso e teatral a sua vida e sente-se parte desse drama maior que é a morte de seus “amantes”.

Os amigos de Cristina e Daniel são Leo que é um homem que adora gozar de coisas boas e sempre quis ser mais popular que Daniel e esconde um segredo cabeludo de todos. Hugo é um jovem frustrado que é casado com Cristina – amiga da falecida – e que vive dos fantasmas do passo e finalmente Isaac que é o mais novo e sem perspectiva de vida que vive à mercê da “roda da fortuna”.

“ Sempre há um golpe que nos joga de novo na miséria, e, quanto mais a gente sonha com a felicidade, maior é a porrada. ”

O interessante desse enredo é a teia de segredos que aparece no meio do livro. Nada pode ser descartado desses casos. Como Sherlock gosta de dizer “nenhuma das hipóteses/possiblidades podem ser descartadas até que sejam desclassificadas. ”

Toni Hill não diminuiu sua qualidade em nenhum momento e as 500 páginas passaram tão rapidamente que quase choro quando finalizei a leitura. E que final foi esse, senhores! O Grand Finale foi uma facada rápida e precisa no pescoço dos leitores. O grande vilão da história nunca foi quem nós apostamos e Hill deve ter se deliciado com nossa confusão e falta de tato para o que as evidências diziam.


A capa do livro tem toda a essencialidade da história que se desenrola com a leitura do conto chamado de Os Amantes de Hiroshima que é uma analogia ao “amor” de Cristina, Daniel e Ferran e que foi contada por alguém passional e interessado neles.

A diagramação está com uma fonte legível, folhas amarelas e a resistência das mesmas melhorou demais, já que em O Verão das Bonecas Mortas e Os Bons Suicidas, as folhas eram frágeis.

Toni Hill se consagra com essa trilogia um dos escritores de suspense policial com maior talento para envolver seus leitores com enredos fascinantes, macabros e cheio de teias de segredos e mentiras. Os Amantes de Hiroshima encerra com destreza seu trabalho de qualidade.


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